❝DEPOIS DE TANTOS ANOS À ESPERA E A LUTAR PELO TÍTULO, O SPORTING MERECE❞

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Tinha cerca de 11 anos quando pôde pela última vez comemorar a conquista de um Campeonato Nacional pelo Sporting, a equipa sobre a qual não teve opção de escolha: “Os meus pais são sportinguista e o meu irmão mais velho também. Aliás, sou sócio desde que nasci”, afirma o luso-americano Andrew Lopes, em declarações ao jornal LUSO-AMERICANO.

Hoje com 30 anos e o mesmo fervor pelo Leão, Lopes festejou a vitória do grupo de Rúben Amorim sobre o Boavista com dezenas de outros adeptos no Lar dos Leões de Newark, em New Jersey, o estado norte-americano onde nasceu e vive. “Foi acima de tudo um alívio”, afirma. “Depois de tantos anos à espera e a lutar pelo título, o Sporting merece.”

Este americano filho de pai minhoto (de Valença) e de mãe natural da Murtosa pode só ser sócio “84 mil e tal”, como diz, mas sente a equipa de Alvalade com mais fulgor que muitos portugueses de gema… “Tenho muito mais entusiasmo por uma vitória do Sporting, sobretudo a este nível, do que por qualquer outra equipa, incluindo a Selecção. Sofro com o Sporting. Aliás, o Sporting é a minha Selecção. É a equipa que me consome mais tempo, que sigo todas as semanas; quando vou de férias a Portugal, tento ver o maior número de jogos possível. E, claro, compro as camisolas todos os anos.”

Durante anos, lembra Lopes, teve de ouvir os amigos benfiquistas e portistas atiçarem-no por causa do jejum de vitórias… “Sempre a dizerem que já não ganhamos há 19 anos, que o Sporting cheirava a naftalina, as camisolas a pó… Tudo no gozo, claro, mas é bom ser agora a nossa vez.”

Andrew Lopes já não conheceu o antigo Estádio de Alvalade, mas no novo viveu momentos de glória que não esquece – como ver CR7 jogar. A paixão pelo Sporting também lhe permitiu conhecer grandes como Beto, “o eterno Capitão”, Nuno Fernandes, Nani, Figo (“já depois da saída do Sporting”), o presidente Frederico Varandas…

No meio americano, Lopes é adepto de hóquei no gelo. “Mas o futebol é totalmente diferente”, vai avisando. “Aliás, os adeptos americanos não têm a mesma paixão que nós exibimos pelo futebol, em qualquer que seja a modalidade. Quando tento explicar isto a um americano que não seja de origem portuguesa, não entendem.”

O luso-descendente reconhece que Rúben Amorim já entrou para a história recente do Sporting como um dos seus maiores treinadores. “A princípio não dava muito por ele, mas ainda bem que desta vez estava enganado… Pegou num Sporting dividido, enfraquecido, e deu-lhe a volta. Foram 31 jogos sem perder e a ganhar uma taça da liga.”

O pai costumava dizer-lhe, em jeito de brincadeira, que “se não fosse do Sporting, não comia em casa.” Hoje, Andrew Lopes, o sócio número “84 mil e tal”, festeja à distância, com toda a diáspora leonina. E com lágrimas de júbilo.