🌎 ARQUITECTO PORTUGUÊS DEIXA MARCA EM EMBLEMÁTICOS PROJECTOS DE CONSTRUÇÃO NA CIDADE DE NOVA IORQUE
🖋Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO
Depois de ter estado envolvido nas obras de construção do Terminal B de chegadas e partidas do Aeroporto de LaGuardia, em Queens, o arquitecto português Domingos da Silva, de 51 anos, iniciou quinta-feira desta semana uma nova rotina de trabalho: passa a fazer o trajecto diário entre a sua casa de New Rochelle, nos arredores de Manhattan, onde vive, e a mais movimentada estação ferroviária do Hemisfério Ocidental – a Penn Station, no coração de Nova Iorque.
“Até agora só aqui tinha estado duas vezes”, diz o arquitecto, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO. “Daqui para a frente, estarei quase todos os dias na Penn Station”.
Pela estação, construída subterraneamente e a abranger três quarteirões entre a 7.ª e a 8.ª avenidas, passam mais de 600 mil pessoas por semana, em trânsito para todos os destinos dos Estados Unidos (através das linhas NJ Transit, Long Island Railroad e Amtrak). Engloba ainda um complicado sistema de Metropolitano.
O projecto de renovação e melhoramento, intitulado ‘East End Gateway and Long Island Rail Road (LIRR) Concourse’, é financiado pelo estado e inclui a construção de uma dramática entrada em vidro na Sétima Avenida, com vista para o Empire State Building, que irá permitir luz natural ao interior da estação. Esta primeira fase das obras terminará no final deste ano; a segunda, que se prolongará até 2023, alargará todo o interior da mesma, que vai passar a contar com dois andares e corredores de lojas. Na ordem dos milhares de milhões de dólares, o projecto tem o mérito de, enquanto decorrer, não interromper o funcionamento da frenética estação.
“Como português e como arquitecto, tenho muito orgulho em dar a minha contribuição a todas as obras por onde já passei na cidade de Nova Iorque”, afirma Domingos da Silva. “Sinto que, ao fazê-lo, também se deixa uma marca portuguesa um pouco por esta cidade que é sem dúvida um espelho da prosperidade americana”.
❝COMO PORTUGUÊS E COMO ARQUITECTO, TENHO MUITO ORGULHO EM DAR A MINHA CONTRIBUIÇÃO A TODAS AS OBRAS POR ONDE JÁ PASSEI NA CIDADE DE NOVA IORQUE❞
➔Domingos da Silva, arquitecto
O imigrante transmontano de Vilarelho da Raia, Vila Real, tinha 11 ano quando os pais se fixaram no condado nova-iorquino de Westchester. Depois de ter feito o liceu em Mount Vernon, tirou Desenho Gráfico e Architectura pela R.I.S.D., em Providence, e pelo Manhattanville College. Com o canudo nas mãos, em 1992 consegue o seu primeiro emprego numa empresa metalúrgica luso-americana em Elmsford, a ‘C&F Iron Works’. Há 4 anos juntou-se à multinacional sueca Skanska AB, uma das maiores firmas de construção civil do mundo, onde é ‘architectural and assistant project manager’.
Habituado ao ecléctico universo da construção em Nova Iorque, Domingos da Silva esteve ainda envolvido no mega-projecto do World Trade Center, incluindo a contrução da icónica estação do PATH assinada pelo arquitecto espanhol Santiago Calatrava. “Foi uma obra muito complicada, atendendo às linhas do Metropolitano que passam subterraneamente pela estação, da qual fabricámos toda a estrutura”, descreve.
Da baixa de Manhattan, em 2017 Silva salta para o Aeroporto de LaGuardia, em Queens, onde se integra na equipa da Skanska responsável pela construção do novo Terminal B do segundo aeroporto mais importante de Nova Iorque. “Construímos 4 pontes de acesso à área de chegadas e partidas do Terminal”, diz.
A Autoridade Portuária de Nova Iorque e New Jersey, que detém a gestão da obra, ao demolir o velho terminal, decidiu mesmo manter grande parte da cerca em ferro fabricada pela empresa luso-americana ‘C&F’, inspirada no tema ‘Big Apple’, que esteve ali cerca de três dezenas de anos – para exposição futura.
Domingos da Silva está casado com Maria Grace da Silva, natural de Aveiro, e tem dois filhos.