🌎 FAZ 100 ANOS O SÓCIO NÚMERO 1 DO CLUBE PORTUGUÊS DE WATERBURY, CT

🖋Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Nesta terça-feira, quando o calendário marcar 29 de Setembro, o associado número 1 do Clube Português de Waterbury, no estado de Connecticut, completará um século de vida. O luso-descendente Joe Silva – que passou grande parte da infância e adolescência em Trás-os-Montes, a terra dos pai, terá então vivido 36 518 dias, 876 432 horas e 52.585.920 milhões de minutos.

O veterano da 2.ª Guerra Mundial nasceu em Erie, no estado da Pensilvânia, filho de Abílio Silva, imigrante de Carrazedo da Cabugueira, freguesia de Bragado, concelho de Vila Pouca de Aguiar, e de Aurora Silva, nascida em Chaves. “Os meus avós terão emigrado para a América aí por volta de 1916, directamente para New Bedford, MA, onde tinham família”, diz Edward Silva, um dos dois filhos do quase centenário, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “O meu pai acabou por nascer na Pensilvânia certamente por razões de trabalho do meu avô Abílio, que, por sua vez, nasceu em 1886, em Portugal”.

Na Marinha de guerra norte-americana

🌎AOS 5 ANOS, O REGRESSO A PORTUGAL

Aos 5 anos de idade, os Silva retornam a Portugal, “fugindo à má situação económica que se vivia na América”, acrescenta Edward. “Os meus avós perceberam que em Trás-os-Montes de então as oportunidades não abundavam, mas pelo menos comida teriam…”.

Em Portugal, Joe Silva conhece a futura mulher, Laura, ela própria natural de New Bedford, MA e também retornada à terra natal dos pais (Trás-os-Montes). Em 1946, contraíram matrimónio em Cambridge, MA,  ou seja, preparam-se para comemorar as suas bodas de diamante… “A minha mãe faz 98 anos esta sexta-feira”, nota Edward Silva.

Joe Silva, que vive em Waterbury desde o ano em que se casou, 1946, teve a profissão de soldador como primeira ocupação profissional, muito embora se tivesse reformado aos 63 anos – em 1993 – como carpinteiro.

Com a esposa Laura: casados há 74 anos

🌎O SERVIÇO MILITAR: COMBATER PELA LIBERDADE E DEMOCRACIA

O luso-descendente, à semelhança do irmão António, já falecido, também dedicou alguns anos de vida ao serviço militar, alistando-se em 1942 na marinha norte-americana. A devoção à pátria levou-o aos então traiçoeiros mares do Pacífico, durante a 2.ª Grande Guerra, “onde participou em 7 batalhas, sobrevivendo a todas elas” – afirma o filho Edward. “Esteve mesmo nas forças aliadas que ocuparam Tóquio”.

O herói de guerra é recipiente de inúmeras honrarias, entre elas a Waterbury Service Medal, que lhe foi atribuída em 2019 pela autoridades municipais.

O casal Silva, que tem dois filhos – Edward, 72, e Joseph, 73 – continua a viver na sua própria casa “num regime de quese total independência”, diz Edward Silva. “Cozinham, mas nós agora ajudamos com as compras”.

De acordo com o filho, gozam de boa saúde – “excepto as fragilidades impostas pela idade, como por exemplo problemas de audição”.

🌎1995: A ÚLTIMA IDA A TRÁS-OS-MONTES

Joe e Laura Silva estão cientes da problemática da COVID e a família procura mantê-los em casa, à distância de visitas.

Os filhos levaram-nos a Portugal em 1995 – “foi a última vez que lá estiveram. Os meus pais foram sempre pessoas com muita ética de trabalho, focados na família. Mandaram vir com carta de chamada muitos familiares de Portugal. Levam uma vida simples e não dão valor às coisas materiais”.

Os Silva, católicos que são, frequentaram sempre a Igreja Nossa Senhora de Fátima no eixo Waterbury/Naugatuck enquanto a idade permitiu.

A razão para a longevidade? “Não sabemos bem, os meus avós faleceram por volta dos 80 anos; o meu pai deixou de fumar quando saiu da tropa e creio que a dieta também ajuda. Alimentaram-se sempre como se estivessem em Trás-os-Montes, com aquilo que comiam por lá”.

Edward faz uma pausa e palpita: “Acho que são ambos abençoados”.

Com a esposa Laura, num momento de ternura

🌎RAZÃO PARA A LONGEVIDADE? ❝SÃO ABENÇOADOS❞, DIZ FILHO

O quase centenário tornou-se membro do Clube Português de Waterbury em 1946. Acabaria por ocupar vários cargos de direcção, de secretário a tesoureiro – mas nunca quis a cadeira de presidente. Teve um papel preponderante na passagem da sede social da Pemberton Street para as actuais instalações, na Baldwin Street. E chegou a ser ‘Mayor do Dia’ no âmbito do 10 de Junho.

No sábado, o clube fez-the uma singela homenagem.

Uma vida recta a servir de exemplo.