37.º FESTIVAL DO QUEIJO DA SERRA DA ESTRELA PASSA POR SEIS ESTADOS DA COSTA LESTE E ENCERRA DIA 25 DE MARÇO EM NEWARK
Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO
Os queijos já cá estão, em todas as suas variedades, vindos expressamente de Seia, com o selo de um fabricante local. Os enchidos e as compotas também. Afinal, arrancou já a todo o vapor o 37.º Festival de Queijos da Serra da Estrela, organizado pelo Centro Cultural ‘Os Serranos’, de Newark, estado de New Jersey. A iniciativa começou na semana passada no Clube ‘Luís de Camões’, em Peabody, MA, e, no mesmo período, passou ainda pelo Clube ‘Senhor da Pedra’, em New Bedford, MA, e pela Igreja Nossa Senhora de Fátima de Cumberland, em Rhode Island. Esta sexta-feira, dia 18, o aroma e os sabores da Serra irão a Elizabeth e, até dia 25 de Março próximo, a cerca de duas dezenas de colectividades portuguesas (ver caixa com programa completo nesta edição).
“Estamos à espera de uma boa mão-cheia de autarcas da região serrana”, garante Matilde Rebelo, presidente do Centro Cultural ‘Os Serranos’, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “Normalmente temos uns 7 ou 8 autarcas – os de Mangualde, Guarda e Seia nunca faltam. Como tivemos eleições há pouco tempo, é difícil nesta altura poder adiantar nomes, mas, mesmo quando não vêm os presidentes de câmara, vêm os vices ou outros representantes oficiais.”
Rebelo diz estar já planeado “um programa muito activo para as delegações que vierem de Portugal, durante a sua estadia por cá, por forma a tomarem contacto com os seus conterrâneos, poderem divulgar a terra e os produtos junto dos emigrantes e ainda levarem de cá boas recordações.”
O festival, tal como sublinha a mangualdense Matilde Rebelo, é igualmente uma óptima oportunidade “para que se experimentem não apenas algumas variedades do nosso queijo da serra, como outros produtos regionais – e, depois, poder-se ainda comprá-los e levá-los para casa. Temos a mesa sempre posta, somos serranos e gostamos de receber bem, com fartura.”
O artesanato regional também terá espaço no festival; Matilde Rebelo, contudo, reconhece que o queijo é mesmo o ex-libris daquela belíssima zona do norte do país. “O queijo é a nossa força”, nota. “Todos eles são bons, seja o mais amanteigado ou o curado branco ou o pintado a colorau. E, claro, o feito com leite de cabra. Quem for ao festival, vai bem servido, porque o nosso queijo é óptimo.”
A QUEBRAR BARREIRAS
Quando, em 2018, para substituir Alexandrino Costa, Matilde Rebelo assumiu a presidência do Centro Cultural ‘Os Serranos’, em Newark, tornava-se no seu 5.º presidente e na primeira mulher a fazê-lo, em mais de 30 anos de actividade.
A emigrante nasceu em Freixiosa, uma freguesia de Mangualde, no coração da Serra da Estrela. Tinha 8 anos quando os pais a trouxeram para Newark, onde cresceu sempre ligada à vida portuguesa local (“frequentei a ‘Escola Luís de Camões’ e a Igreja Nossa Senhora de Fátima”, faz questão de dizer).
Ao casar-se, acontece a mudança para a vizinha cidade de Elizabeth, onde cria as três filhas (incluindo um par de gémeas) e se envolve também com a comunidade – tanto no PISC, onde chegou a fazer parte de uma direcção, como na I.N.S.F. e no movimento escotista. “A comunidade portuguesa esteve sempre no nosso sangue, como voluntários procurámos sempre dar o nosso contributo”, afirma.
A tragédia pessoal também lhe bateu à porta, quando, há 12 anos, um acidente de viação lhe roubou uma das filhas gémeas, a Cristina Pinto. “Foi um choque para todos”, reconhece a emigrante serrana, que agora vive em Union.