Emigrantes portugueses nos Estados Unidos continuam a ser alvo de esquemas fraudulentos
Com o prazo praticamente expirado para o chamado programa Obamacare, os vigaristas continuam a assediar as comunidades portuguesas e não só.
Na passada terça-feira o casal Fernando e Rosalina Costa, residentes em Union receberam um telefonema de alguém que, em espanhol lhes disse que deveriam pagar imediatamente $624 de impostos atrasados sob o risco de serem penalizados criminalmente pelo IRS.
De imediato o casal português ligou à filha que verificou de imediato a situação dos impostos dos pais, referentes a 2011, tal como o casal foi informado. A insistência do homem ao telefone incomodou muito o casal Costa que quase foi obrigado a dar o número do seu cartão de crédito. Não o fizeram por milagre e ainda bem porque Maria Costa, filha do casal em questão contactou o IRS e recebeu a informação de que os impostos dos pais estavam em dia e para se precaverem contra eventuais fraudes.
Vários esquemas vigaristas nos Estados Unidos estão a contactar imigrantes indocumentados, inclusive nas comunidades portuguesas, pedindo o pagamento de impostos previstos nas novas medidas do Governo de Barack Obama. As vítimas deste esquema são contactadas por telefone e é-lhes dito que, para serem abrangidas pela nova lei, têm de pagar impostos referentes a anos anteriores e dizem que esse dinheiro deve ser imediatamente pago através de cartão multibanco ou transferência bancária.
“Quem faz a chamada pode identificar-se como funcionário do IRS ou não. Estes vigaristas são convincentes. Usam nomes falsos e números de identificação do IRS inventados. Podem saber muito sobre a pessoa para quem telefonam e normalmente fazem com que o número de que ligam se pareça com o do IRS”, explicou a instituição fiscal norte-americana em comunicado de imprensa.
O procurador-Geral do estado de Rhode Island, Peter F. Kilmartin, onde existe uma numerosa comunidade açoriana, também emitiu um comunicado, em que refere que “o mais importante é lembrar que o IRS nunca vai telefonar a ninguém e exigir um pagamento imediato”.
Em alguns dos casos, é prometido aos imigrantes que passarão à frente de outros candidatos. Noutros casos, é mesmo feita a ameaça de que serão deportados caso o pagamento não seja feito.
Os Serviços Sociais Católicos de Fall River organizaram uma sessão de esclarecimento sobre a acção executiva, que oferece protecção a cerca de cinco milhões de indocumentados, e sobre os novos esquemas de fraude.
“Este evento foi dirigido à comunidade que fala português. Há um número significativo de pessoas que falam português que podem beneficiar”, disse a directora legal da instituição, Schuyler Pisha, ao “O Jornal”.
A acção executiva (conhecida por DAPA, na sigla em inglês para The Deferred Action for Parental Accountability) começa a aceitar candidaturas em Maio e dará vários direitos aos imigrantes abrangidos, que poderão obter cartão da Segurança Social, carta de condução e ficam protegidos de deportação.
A directora do Centro de Apoio ao Imigrante de New Bedford, em Massachusetts, Helena da Silva Hughes, onde também estão a ser organizadas sessões de esclarecimento, diz que “há muita informação errada a circular e muitos esquemas de fraude”.
“Há falsos advogados, notários, agências de viagem e contabilistas que aproveitam o facto de esta população ser muito vulnerável para ganhar dinheiro”, explicou a responsável à agência Lusa.