Aos 22 anos, Bruna Sampaio vive o sonho de conquistar os palcos dos teatros em Nova Iorque – depois de ter estudado em Londres
Apaixonada pelas artes, em especial pelo teatro, veio para Nova Iorque à conquista do seu sonho de representar numa das cidades mais competitivas do mundo nessa indústria.
Bruna Sampaio, tem 22 anos, nasceu e cresceu na cidade de Guimarães. Aos 17 anos, largou a cidade berço para rumar a Londres e seguir o seu sonho de estudar teatro. Pouco tempo depois surgiu a oportunidade de vir para Nova Iorque, onde agora reside e faz o que mais gosta.
Já com várias peças no currículo, a vimaranense dá-se a conhecer numa entrevista ao Jornal Luso-Americano, onde conta como tem sido a experiência de viver em Nova Iorque, como chegou até aqui e o que espera atingir na sua carreira.
(Esta entrevista foi realizada por e-mail).
Trocaste Londres por Nova Iorque. Que tal a experiência de viver e trabalhar aqui?
“São cidades com energias diferentes. Nova Iorque cativou-me, por ser uma cidade cheia de pessoas lutadoras.
Aqui sinto que posso conquistar um futuro melhor para mim. Toda a energia envolvente é surreal. O que mais gosto na cidade é, sem dúvida, a garra, força e motivação das pessoas que por aqui correm (literalmente). É uma cidade mágica, que oferece imensas oportunidades, transmitindo-nos sempre uma sensação de que tudo, com muito trabalho, é possível. É o chamado sonho americano! E eu vim para conquistar o meu!”
Notas diferença entre as indústrias britânica e americana?
“Sim, sem dúvida. Penso que a indústria americana revela uma abertura maior de mentalidades. É mais inclusiva. Na britânica temos de ter, muitas das vezes, um sotaque britânico para fazer parte de peças de teatro, por exemplo, o que por si só, já está a limitar muita gente, principalmente os imigrantes.
Já na indústria americana aceitam-nos com o nosso próprio sotaque, pois é isso que nos torna diferentes de todos os outros actores. Valori-zam-nos tal como somos.
No entanto, posso dizer que qualquer que seja a cidade que um actor escolha para estudar, vai ser sempre um bom investimento na sua formação. São métodos diferentes, mas ambos enriquecedores. Por isso, depende muito da opção e do gosto de cada um”.
Qual foi o projecto mais desafiante até agora?
“Foi um projecto que fiz em Londres, chamado “Death Steps Back”.
Isto porque foi a minha 1.ª vez a fazer um ‘Site-specific project’. Significa que não é uma peça de teatro, normalmente realizada num teatro convencional, mas sim numa outra localização. Neste caso, foi feito numa prisão, Holloway Prison, que foi a maior prisão da Europa Ocidental, até ao seu fecho em 2016.
Toda a história foi contada apenas e só com movimento, enquanto o público era guiado a conhecer todos os cantos da prisão. Esta história tinha de ser transmitida da forma mais clara, para que o público percebesse, mas também com a empatia e a sensibilidade que a mesma requeria. Baseava-se numa história verídica, em que Ruth Ellis, a minha personagem, tinha sido condenada à morte, nesta mesma prisão. Foi arrepiante contar pela primeira vez uma história, que de facto, tinha acontecido e como não tínhamos falas, todos os movimentos que fazíamos pareciam ser mais impactantes.”
Que projecto te deu mais gozo fazer?
“Foi a minha 1.ª peça de teatro em Londres, em 2019. A peça de teatro chamava-se “Arturo Ui”, nome de um mafioso.
Era uma história que se passava nos anos 1930s. Foi muito engraçado, porque a minha personagem era um homem. Então, foi muto desafiante construir em mim esta personagem. Foi muito exigente e trabalhoso todo este processo de construção, desde a forma como se vestia, pensava, falava ou caminhada. Todos os detalhes eram importantes. Foi a personagem que mais me divertiu”.
Tens ambição de entrar em cinema ou televisão?
“Sim, gostava muito que esse fosse o próximo passo na minha carreira. Quero poder explorar e ter a experiência do que é trabalhar à frente de uma câmara.
O teatro é fascinante pelo contacto directo com o público. Não há ‘takes’ e, se errarmos, temos de dar a volta, de improvisar e continuar a contar a história, sem que o público perceba que nos enganámos. No palco, o público está focado em nós, enquanto actores, e não enquanto personagens. O poder da representação é fazeres com que o público acredite na tua história.
Tens de conseguir fazer o público viajar e guiá-lo para o caminho que os queres levar.”
Gostarias de participar em musicais?
“Sou apaixonada por musicais. Fazer parte de um musical seria incrível, pois já tenho as ‘skills’ da representação e dança. No entanto, nunca explorei a minha voz. Por isso, se fizesse parte de um musical, optaria por fazer parte do ensemble.”
Fala-nos um pouco do teu projecto mais recente.
“O meu projeto mais recente chama-se “Coor-dinates” que fez parte do ‘Winter One Act Festival’, no Chain Theatre, com press na Broadway World.
Trata-se de um ‘short play’, sobre dois astronautas, que estão a viajar pelo espaço. Eles descobrem que o mapa de que estão à procura já não faz sentido, que os parâmetros do navio mudaram e o resto da tripulação desapareceu.
Foi um projecto muito divertido e temos tivemos muito bom ‘feedback’.
Sobre futuros projectos, já tenho alguns agendados, mas ainda não posso falar sobre eles.”
Quais os teus planos futuros?
“Continuar a trabalhar na minha área, seja no teatro, cinema ou televisão. Já tenho todo um plano estruturado, com projectos que vão decorrer precisamente nestes 3 próximos anos”.
Que conselho darias a outros jovens que têm o mesmo sonho que tu?
“Quero dizer a todos os jovens que, tal como eu, devem lutar, trabalhar muito e seguir em frente, conquistando os seus objectivos e sonhos.
A todos os jovens com o mesmo sonho – da representação- digo-lhes para não terem medo de arriscar, porque as coisas boas não acontecem só aos outros. O segredo é ser humilde, trabalhar, gostar de aprender com os outros e não parar! Se quiserem muito seguir esta carreira – primeiro estudem, informem-se sobre esta arte, sobre a indústria, para, depois, poderem dar o tão importante passo para a vida profissional.
Com as ferramentas certas e muita determinação, vão conseguir alcançar tudo aquilo que quiserem.”