Na Semana da Moda de Paris Joana Vasconcelos é autora do cenário do desfile Dior
A artista plástica portuguesa criou uma das suas enormes esculturas tentaculares para a Semana da Moda de Paris, mais de uma tonelada de peso, cerca de 24 metros de extensão e sete de altura. Não é discreta a Valquíria que a artista plástica Joana Vasconcelos instalou no Jardim das Tulherias, numa colaboração com a casa francesa Dior para a apresentação da colecção outono-inverno 2023/24 integrada na Semana da Moda de Paris.
Denominada Valkyrie Miss Dior, esta escultura imponente foi inteiramente feita à mão e incorpora 20 tecidos da colecção Dior. Como explica o atelier Joana Vasconcelos, trata-se de uma “estrutura metamórfica, composta de um núcleo central suspenso no tecto, de onde pendem múltiplos braços tentaculares, por entre os quais ziguezagueiam as modelos com as criações da estação, num diálogo de padrões florais, cor e luz. O brilho da seda e a elegância da organza contrastam com uma multiplicidade de texturas, a exuberância dos estampados e a riqueza de pormenores, conferida através de intrincados elementos em croché, meticulosos bordados e um festim de ornamentos, tais como lantejoulas, galões, borlas e centenas de luzes LED, que simulam um efeito de vibração própria”.
O efeito proporciona um diálogo entre o espaço, as modelos e o público, numa espécie de coreografia que combina a moda e as artes plásticas. A peça foi feita na sequência de um convite da directora criativa da Dior, Maria Grazia Chiuri, que tem feito um caminho de afirmação no meio da moda valorizando as mulheres e o trabalho artesanal.
Para Joana Vasconcelos, que já colaborou com a marca em 2013, quando usou 1.650 frascos de perfume Dior para criar um laço gigante, e em 2019, quando inseriu iluminação numa mala Lady Dior para simular o bater do coração no âmbito da quarta edição de Lady Dior Art, um ponto alto da sua carreira. “A moda é uma parte importante da minha vida. Para quem, como eu, começou a mostrar o seu trabalho nas Manobras de Maio de 1994, esta colaboração com a Dior é a concretização de um sonho”, diz a artista, explicando: “desenvolvi esta instalação não só de forma a integrar os tecidos, mas também a preencher o espaço, a interagir com as modelos e o público. É essa interacção que completa o projeto, explorando a relação tríplice entre a escultura monumental, os corpos humanos e a roupa habitada, quase como numa espécie de dança escultórica. Criando uma ligação entre dois mundos, as artes plásticas e a moda, que se enquadram agora numa nova dimensão, personificada na Valquíria Miss Dior.”