Centenas de manifestantes protestam em Lisboa contra limitações ao alojamento local

Centenas de pessoas ligadas ao alojamento local (AL) protestaram esta em Lisboa, onde decorre a Bolsa de Turismo de Lisboa, contra as medidas anunciadas pelo Governo para o sector para fazer face à crise da habitação.

A acção, convocada através das redes sociais, aconteceu na entrada principal da Feira Internacional de Lisboa (FIL), no Parque das Nações, e contou com a presença de alguns líderes políticos.

“Matar o alojamento local é matar o turismo” ou “Costa [primeiro-ministro] para a rua, a casa não é tua” foram algumas das palavras de ordem escritas nos cartazes dos manifestantes.

Em causa, está o programa Mais Habitação, aprovado na quinta-feira em Conselho de Ministros, que prevê que as emissões de novas licenças de alojamento local sejam “proibidas”, com exceção dos alojamentos rurais em concelhos do interior do país, onde poderão dinamizar a economia local.

Além disso, as atuais licenças de alojamento local “serão sujeitas a reavaliação em 2030” e, depois dessa data, periodicamente, de cinco em cinco anos.

Em declarações à agência Lusa, Carla Reis, proprietária de alojamento local e a impulsionadora do protesto, explicou que o objetivo da ação, que juntou proprietários de alojamento local de todo o país, foi “mostrar ao Governo os rostos dos empresários” e “apelar à negociação”.

“Foi mesmo a nossa convicção de que o Governo só faria este tipo de propostas não nos conhecendo. Portanto, nós saímos à rua para mostrar quem somos, o que fazemos, na expectativa de que o Governo nos ouvisse e nos chamasse para a mesa. Quando quiser regular sobre alojamento local que se sente à mesa com o alojamento local e que procure saber qual é o impacto das medidas que está a propor vão ter”, apontou.

A empresária reconheceu a existência de um problema com a habitação, mas ressalvou que o AL não é responsável por essa carência, alertando que “este ataque ao alojamento local” terá efeitos colaterais.

“Hoje nós não temos aqui quem tem apenas uma casa em alojamento local. Nós temos a senhora das limpezas, o fotógrafo, os canalizadores, os pintores, as senhoras das lavandarias. Há todo um ecossistema à volta do alojamento local que encontrou, após a crise, o próprio lugar para a criação de trabalho”, argumentou.