Inês Oliveira, natural de Aveiro, vai lançar livro infantil nos Estados Unidos

Inês de Freitas Oliveira vive em Aveiro, é casada e tem dois filhos. Estudou Engenharia de Computadores e Telemática pela Universidade de Aveiro e é Mestre de “Science in Information Networking” pela Carnegie Mellon University, turma de 2008. Dedicou grande parte da sua vida à computação e tecnologia, até claro, encontrar a escrita criativa.

Quando é que surgiu a escrita na sua vida?

“A escrita esteve sempre na minha vida. Sempre desejei escrever um livro. A escrita em termos profissionais surgiu pela necessidade, enquanto Manager de uma Equipa de User Experience (UX), de criar Product Personas. Criar a personalidade e identidade de um produto exige mais do que desenhar esse produto. Na equipa de UX tínhamos os designers, faltavam-nos os UX Writers. Na altura, esta não era uma competência comum no mercado Português. Então, decidi aprender. Afinal, sempre gostei de escrever. Em 2020 fui a primeira portuguesa a completar o Certificate in UX Writing, pelo UX Writers Collective.”

Quando é que se dá o salto para a escrita criativa?

“Com o crescimento dos meus filhos, atualmente com 10 e 8 anos, decidi arriscar na escrita criativa, mais especificamente, na escrita para crianças.”

Esta escrita é baseada em que área da sua vida?

“Baseei-me nas vivências da minha família para estruturar uma história. “Calvin And The Sugar Apples” fala da dificuldade das crianças em enfrentar os seus medos e expressar as suas emoções. As crianças suportam-se em ferramentas que nem sempre compreendemos enquanto adultos. A pandemia veio acentuar esta realidade, sobretudo quando, mais tarde, a nossa chinchila faleceu. Foi preciso tempo e amadurecimento para que os meus filhos falassem sobre o que sentiam em relação a esta perda.”

Estando baseada em Portugal, porquê lançar o seu livro nos EUA?

“Demorei vários meses a aperfeiçoar a história do meu livro. Depois de o fazer, demorei outro tanto a analisar o mercado, as editoras e os seus diferen- tes modelos de negócio, não apenas nos EUA, mas um pouco por todo o mundo. Eu tinha escrito a história em Inglês por dois motivos. Primeiro, sempre trabalhei a escrita, mesmo a escrita técnica, em inglês. Em segundo lugar, após experimentar formação em vários países, foi nos EUA que encontrei aquela que acredito estar mais estruturada e adaptada para enfrentar o mercado. Essa foi também a minha experiência com conferências.”

Encontrar uma editora que aceita-se o seu projeto foi fácil?

“Conheci a minha editora através da conferência “Women in Publishing Summit”, organizada sob a orientação da autora e empreendedora Alexa Bigwarfe. Angela Engel, fundadora do “The Colective Book Studio”, que fez uma apresentação fenomenal, falou do ponto de vista de um modelo diferente e apresentou uma dinâmica muito atraente. Sobretudo, falou sempre dos livros como uma forma de arte. Contactei a Angela e a resposta foi positiva. Receberam o meu livro como a sua primeira publicação middle-grade, e temos trabalhado no mesmo desde então, preparando para o lançar no mercado em 22 de Agosto de 2023. A ideia é chegar ao mercado Português, mas vamos analisar para já a aceitação do livro em Inglês.”

O livro é direccionado, como foi referido pela autora para idades “middle-grade” ou seja, para jovens com idades compreendidas entre os 8-12 anos.

Como se costuma dizer, “está pronta para outro”?

Estou a aprender muito com The Collective Book Studio e quero focar-me em nutrir “Calvin And The Sugar Apples” no momento presente, garantindo que não lhe falta qualidade e forma de chegar aos leitores.

Projectos futuros ainda não há?

Com o tempo, vamos avaliar o sucesso deste livro e então apostar em novos livros para uma série. Entretanto, vou continuar a escrever. Quero trazer à luz temas relacionados com necessidades e dificuldades simples para nós enquanto adultos, mas que ganham dimensões consideráveis no dia-a-dia das crianças.

Ser escritora é um sonho tornado realidade?

“Quero crescer enquanto escritora de middle-grade. Um dia, gostava também de experimentar escrever um livro ilustrado. Tenho-me deixado levar pela aprendizagem deste percurso. Acredito que, se for esse o caminho, lá chegarei.”