Líder do Hezbollah diz que muçulmanos devem punir profanadores do Corão
O líder do Hezbollah disse que, se os governos de nações de maioria muçulmana não agirem contra países que permitem a profanação do Corão, os muçulmanos devem “punir” aqueles que facilitam ataques ao livro sagrado do Islão.
As declarações de Hassan Nasrallah, líder do grupo armado xiita considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, foram recolhidas num vídeo e dirigidas a dezenas de milhares de pessoas reunidas nos subúrbios ao sul de Beirute para marcar o dia da Ashura, sagrado para os xiitas e que assinala o martírio do neto do profeta Maomé, Hussein, no século VII.
Nasrallah costuma utilizar ocasiões religiosas para enviar mensagens políticas aos seus seguidores e criticou os incidentes recentes relacionados com a queima ou profanação do Corão em manifestações autorizadas na Suécia e na Dinamarca.
O líder do Hezbollah disse que os muçulmanos devem observar o resultado de uma reunião extraordinária da Organização de Cooperação Islâmica (COI), em Bagdad, no Iraque, para discutir a resposta da organização à profanação e queima do Corão em países ocidentais.
A organização e os seus Estados membros devem “enviar uma mensagem firme, decisiva e inequívoca a estes governos de que qualquer repetição dos ataques terá como resposta um boicote”, disse Nasrallah.
Se não o fizerem, disse, a juventude muçulmana deveria “punir os profanadores”.
O líder xiita não detalhou como seriam o boicote e a punição a serem aplicados.
Na semana passada, activistas ultra-nacionalistas queimaram ou profanaram cópias do Corão em frente as embaixadas do Iraque na Suécia e na Dinamarca, provocando protestos em muitos países muçulmanos.
A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou na terça-feira (25) uma resolução que condena todos os actos de violência contra os livros sagrados, alegando que são violações do direito internacional.
Anteriormente, o Conselho de Direitos Humanos da ONU havia aprovado uma resolução condenando a profanação do Corão e outros actos de ódio religioso, apesar de vários países terem alertado que o texto poderia atentar contra a liberdade de expressão.
Em Beirute, uma multidão de pessoas carregava faixas com frases religiosas ao lado das bandeiras do Hezbollah, do Líbano e da Palestina, entoando louvores ao Corão e a Hussein.
Os xiitas representam mais de 10% dos 1,8 mil milhões de muçulmanos em todo o mundo e vêem Hussein como o legítimo sucessor do profeta Maomé.
A morte de Hussein em batalha nas mãos dos sunitas em Karbala, ao sul de Bagdad, criou uma profunda divisão no Islão e que até os dias de hoje continua a desempenhar um papel fundamental na formação da identidade xiita. A interpretação extrema do Islão pelo Estado Islâmico (EL) considera os muçulmanos xiitas apóstatas.