EDUCADORA LUSO-AMERICANA É A NOVA DIRECTORA DA ESCOLA PÚBLICA MAIS ANTIGA DE NEWARK
Por HENRIQUE MANO | Newark, NJ
O ano lectivo de 2023/24 arranca na Lafayette Street School de Newark com uma nova directora (‘principal’), a luso-americana Diane Pereira, de 48 anos. A educadora assume assim a chefia daquela que é a unidade de ensino há mais tempo em actividade contínua (175 anos) na maior cidade do ‘Estados Jardim’.
Fundada em 1848, a Lafayette Street School, em pleno coração do bairro português do Ironbound, conta presentemente com 1200 alunos matriculados (da pré-primária ao 8.º ciclo) nos seus três edifícios e 120 funcionários, dos quais 80 são educadores.
Com a subida de Diane Pereira ao cargo de directora, o Ironbound passa a ter agora cinco luso-americanos no cargo de ‘principal’ em escolas públicas, sendo os outros quatro Luís Henriques (Oliver Street School), Sandra Cruz (South Street School), Rosa Inácio (East Ward Elementary School) e Isabel Marques (Ann Street Schoool, também indigitada este ano).
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A nova ‘principal’ Diane Pereira, num corredor da Lafayette Street School
Diane Pereira nasceu no antigo Hospital Saint James, no Ironbound, filha de emigrantes da freguesia de Camarneira, município de Cantanhede (o pai) e da freguesia de Monte, município da Murtosa (a mãe); passou por duas escolas do Ironbound (Ann Street School e Oliver Street School) mas acabou por fazer o liceu em Clark, para onde a família entretanto se mudou.
“Foi uma professora que tive na Ann Street School que me incutiu a paixão pelo ensino”, conta a directora, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO, “pelo que desde muito cedo que sonhava seguir esta carreira”.
Terminado o ensino secundário, decide então formar-se na área pela Kean University, acabando por fazer o estágio como professora precisamente na Lafayette Street School.
Em Setembro de 1999, Pereira passava aos quadros permanentes da escola, a dar aulas de português como segunda língua a alunos do 3.º e 4.º ciclos; um ano depois, ficou com uma turma do 1.º ciclo, a leccionar a mesma disciplina durante 5 anos.
Após um interregno de um ano para estar com os dois filhos que entretanto nascem, Diane Pereira regressa à Lafayette Street School, agora para dar aulas de matemática ao 5.º ciclo, o que faz durante 6 anos.
“Nessa altura volto a estudar, desta feita na Seton Hall University, para obter a minha certificação de directora escolar”, nota.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A Lafayette Street School é a unidade pública de ensino há mais tempo em funcionamento contínuo na cidade de Newark
No regresso ao trabalho, e na mesma unidade de ensino, ocupa o cargo de coordenadora tecnológica e, em 2011, passa a vice-principal, cargo que desempenha até à sua nomeação em Junho deste ano para ‘principal’.
Na sua óptica, “ser bilingue, e sobretudo saber falar português, é uma mais-valia muito importante para nós aqui nos Ironbound. Basta dizer que, dos nossos 1200 alunos, 500 são bilingues e, desses 500, 40% falam português”.
A directora reconhece que o crescimento do número de alunos nas turmas “é algo a que temos de prestar atenção, por forma a podermos proporcionar o melhor nível de educação na nossa escola, que pode receber alunos de toda a cidade, que tem um dos mais altos níveis de aproveitamentos em Newark”; nos ciclos mais elevados, as turmas têm cerca de 30 alunos e nos mais baixos, com alunos de 1 a 5 anos de idade, perto de 26.
O distrito escolar de Newark tem frente ao influxo de alunos “com a abertura de novas escolas, precisamente para manter as salas de aulas em tamanhos apropriados”, refere Diane Pereira.
Gostaria, contudo, de ver modernizadas as infra-estruturas da escola, “nomeadamente com a instalação de ar condicionado em todas as salas de aulas”.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A nova ‘principal’ Diane Pereira
A educadora também diz contar com dois especialistas e uma agente social para o combate ao bullying, “um problema muito sério na sociedade de hoje. Parte dessa estratégica passa por fazer ver aos alunos os efeitos nefastos do bullying e pela abertura de canais de comunicação com os encarregados de educação, com vista a minimizar o problema”.
Diane Pereira lembra que “dar aulas a crianças não é uma tarefa fácil e exige que tenhamos paixão e muita dedicação”.