PADRE CARLOS MANUEL JACOB AO ‘LUSO-AMERICANO’ NA FLÓRIDA: Sem a ajuda das comunidades lusas nos EUA, os nossos projectos falhariam

Publicamos nesta edição uma entrevista com o padre Carlos Manuel Jacob, convidado para presidir às festividades em honra de Nossa Senhora de Fátima, realizadas nos dias 14 e 15 de Outubro, no Clube Português do West Palm Beach, FL.

O Clube Português, na missão de continuar com as nossas tradições, não poderia deixar de celebrar esta festa. Todos os anos cumpre-se essa promessa no mês de Outubro. Para dar mais relevo a estas festividades, este ano, foi convidado o padre missionário Carlos Manuel Jacob.

LUSO-AMERICANO:

Quem é o Pe. Carlos e qual é a sua missão como padre missionário?

PE. CARLOS JACOB: Em primeiro, quero saudar os leitores do jornal LUSO-AMERICANO e a oportunidade que me está a dar para comunicar com muitos portugueses, é um prazer poder estar em contacto com todos aqueles que ainda têm coragem de promover a nossa cultura, as devoções e a piedade de celebrar a sua fé. Eu sou padre missionário de São João Batista, sou natural da aldeia de Sós, perto da Guarda, Serra da Estrela. Estou a trabalhar, actualmente, na cidade de Gouveia, e passei por diversos sítios, mas a experiência mais marcante foi a de Moçambique, onde estive dez anos numa mis- são no interior onde, entre outras coisas, faltava a electricidade, água canalizada e o telefone. Era o único branco no meio de 170 mil habitantes espalhados por três mil e setenta quilómetros quadrados, com 120 paróquias. Em 2008, o arcebispo quis que eu dinamizasse a missão maior da arquidiocese de Nampula, que é a missão maior de São João Batista de Marrere.

LA: Sendo um padre missionário, radicado em Portugal, como surgiu esta ideia de vir a West Palm Beach presidir a estas celebrações?

PCJ: É uma pergunta interessante, porque nunca tinha pensado em visitar a Flórida. Eu tenho vindo aos EUA porque sou o rosto dos missionários de São João Batista e sem a ajuda, na animação missionária, das comunidades portuguesas dos EUA, os nossos projectos falhariam. A comunidade de Cumberland, da Igreja de N.ª Sr.ª de Fátima em Rhode Island e a comunidade do Imaculado Coração de Maria, de Danbury, CT, têm realizado angariação de fundos para que estas nossas missões tenham viabilidade e foi através do padre Fernando e de pessoas que estão aqui na Florida, que surgiu este convite. Vim também descansar um pouco, porque a vida de missionário é uma vida de polivalência.

LA: Como sabe, aqui na Florida, a comunidades portuguesa, na sua maioria, é composta de pessoas da terceira idade, que vieram para aqui descansar. Não o surpreendeu que essas pessoas agora conti- nuem, de novo, a dedicar tempo às comunidades?

PJC: Eu imaginava, realmente, vir encontrar uma comunidade de bengala e de cadeira de rodas mas, por aquilo que estou vendo, ao contrário do que pensava, encontrei uma comunidade viva e cheia de entusiasmo a lutar pelas grandes causas. Cada um de nós, onde quer que esteja ou com a idade que tenha, pode fazer a diferença e hoje, no momento em que vivemos, precisamos estar unidos e não viver a vida em solidão mas sim em solidariedade. Agradeço a ajuda fraterna e grandiosa que as pessoas tive- ram para com as missões, que é sinal de que não estão aqui só para descansar mas estão aqui para viver. Isto é maravilhoso! Por isso, dou graças a Deus por ter encontrado aqui uma comunidade luso-americana que não se isola mas que vai ao encontro dos outros e que tem necessidade de celebrar a fé, a sua cultura, a sua religiosidade e as suas tradições.