Prisioneiros de guerra ucranianos são enviados pela Rússia para luta contra o seu próprio país

A Rússia está a enviar prisioneiros de guerra ucranianos para lutarem ao lado das forças russas na guerra contra a Ucrânia, assim como adiantado pela agência russa de informação RIA Novosti, que diz ainda que estes entraram em serviço no mês passado numa unidade com 7 mil combatentes, no leste da Ucrânia.

A Associated Press ainda não conseguiu confirmar a autenticidade destas informações, nem se os prisioneiros foram coagidos a realizar estas ações.

Especialistas alertaram que isto seria uma aparente violação das Convenções de Genebra, relativas ao tratamento dos prisioneiros de guerra, que os proíbe de serem expostos ao combate ou de trabalhar em condições insalubres ou perigosas – coagidos ou não.

“As autoridades russas podem alegar que os estão a recrutar numa base voluntária, mas é difícil imaginar um cenário em que a decisão de um prisioneiro de guerra possa ser tomada verdadeiramente voluntariamente, dada a situação de custódia coercitiva”, frisou Yulia Gorbunova, investigadora sénior sobre a Ucrânia na Human Rights Watch.

Nick Reynolds, investigador de guerra no Royal United Services Institute, em Londres, reforçou que “todo o cenário está repleto de potencial para coerção”. Um prisioneiro de guerra não tem “uma enorme capacidade de arbítrio” e está numa “situação muito difícil”, apontou.

O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), em Washington, destacou relatos anteriores de prisioneiros de guerra ucranianos que foram convidados a ‘voluntariarem-se’ para o batalhão. Estes estavam alojados na prisão de Olenivka, que explodiu em Julho de 2022.

Moscovo acusou a Ucrânia de destruir a prisão com um míssil, mas Kiev culpou Moscovo dizendo que tentou encobrir o abuso e assassinatos de prisioneiros de guerra.
A Rússia também utilizou reclusos das suas próprias prisões para lutar na Ucrânia em troca de uma pena reduzida em caso deste sobreviverem, para além da “campanha de recrutamento na Ucrânia ocupada”, salientou Karolina Hird, do Instituto para o Estado de Guerra. Ao mobilizar prisioneiros de guerra ucranianos, ao destacar condenados russos e ao recrutar ucranianos que vivem em regiões ocupadas, a Rússia está a aumentar a sua força de combate “sem ter de arriscar as implicações sociais de conduzir uma mobilização geral”, acrescentou Hird.