ESCOLA DE AVIAÇÃO COMERCIAL NA FLÓRIDA ESTÁ A FORMAR UMA DEZENA DE  FUTUROS PILOTOS PORTUGUESES

Por HENRIQUE MANO | Fort Pierce, FL

Cada vez que um avião levanta voo da pista do Treasure Coast International Airport, em Fort Pierce, no estado norte-americano da Flórida, são sérias as possibilidades de que, ao cockpit da aeronave, vá um português.

É que, nas salas de aulas da Aviator College of Aeronautical Science and Technology, que se serve daquele aeroporto, estão a receber formação dez futuros pilotos portugueses – nos mais variados estágios (uns ainda com meia dúzia de horas de voo, outros já com o nível de de formação mais elevado no currículo). Ou seja, dos seus 300 alunos, 3% nasceram em Portugal.

Localizada num meio rural do condado de Saint Lucie, entre dois grandes centros urbanos da Flórida (Miami e Orlando), a Aviator College é procurada por estes portugueses sobretudo por proporcionar formação que, no futuro, os irá permitir fazer carreira tanto na Europa (onde a maioria deles prefere operar) como nos EUA.

Com idades dos 19 aos 30, e oriundos das mais diversas regiões de Portugal, estes jovens têm uma ambição comum: ter, um dia, o brevet na mão. E os céus como limite.

🛩️GUILHERME CERQUEIRA, 29

Nasceu em São João de Arroios (Lisboa) e fez o secundário em Sintra.

Tirou licenciatura em Gestão (ISCAL), em Lisboa, e o mestrado na mesma área no Porto.

Trabalhou no Consulado-Geral de Portugal em Boston, passa pela banca e faz jornalismo no semanário LUSO-AMERICANO, em Newark.

“Experimentei várias vertentes profissionais na minha área de formação, mas não estava 100% feliz; mais tarde recuperei o bichinho da aviação e achei que era o que queria fazer até me reformar”.

Na Aviator College desde Julho, com 40 horas de voo.

“1.º voo solo foi uma sensação brutal, um momento de nervosismo e ansiedade mas ao mesmo tempo de grande felicidade por estarmos a conseguir fazer uma coisa que não é para toda a gente”.

🛩️SALVADOR HIPÓLITO, 22

Nasceu em Cascais, onde fez o secundário.

“Com um pai piloto, é fácil querer ter essa vida porque é tudo o que eu conheço desde sempre. Quis ser astronauta, jogador de futebol, mas piloto foi sempre uma constante”.

Acaba, contudo, por licenciar-se em Economia e logo depois vai para a Aviator College, há 2 meses.

“O 1.º voo solo é uma experiência: o instructor sai e, mesmo sabendo que se está preparado, os nervos entram. A partir do momento em que se está no ar, o foco entra, traz o instinto de sobrevivência, silêncio absoluto e é tudo automático”.

🛩️RODRIGO LEITÃO, 19

Natural de Lisboa, onde o liceu.

“Ainda tentei ingressar em Direito, mas só estive 3 meses na faculdade e depois vim para cá. Já pensava desde os 15, 14 anos seguir aviação; na altura fiz anos, recebi um presente para ir a um simulador em Tires e gostei daquilo tudo, dos botões, do cockpit, de poder voar pelo mundo”.

Desde Março na Aviator College, com quase 100 horas de voo.

“Onde me aceitarem primeiro, depois de acabar o curso, é para onde eu vou”.

🛩️GONÇALO LOPES, 27

•Nasceu em Lisboa, onde fez o liceu no Colégio Militar.

Em 2019, aos 23 anos, veio para os EUA para estudar aviação, “que esteve sempre na minha vida – a minha mãe é assistente de bordo da TAP”.

Tem 220 horas de voo e já obteve a licença de piloto comercial para voar na Europa, faltando-lhe a vertente americana (FAA).,

“Nunca fecho a porta à Europa, é a minha casa, por mais que tenha cá a minha família”.

“A aviação tem os seus riscos, mas neste momento é a forma mais segura de se viajar no mundo”.

🛩️GONÇALO QUINTAS, 18

Nasceu em Faro (Algarve), onde fez o secundário.

Pensou em Gestão e Relações Internacionais, ainda começou a tirar Economia mas, depois, optou pela aviação.

Desde Setembro na Aviator College.

“Se possível ficar em Portugal, Faro, Lisboa ou Porto, depois do curso, e depois logo se vê”.

“Cada vez menos a aviação é uma profissão de alto risco, mas tem de se ter cuidado e tem de se ter um estilo de vida  com regras”.

🛩️MIGUEL QUINTAS, 21

Nasceu em Faro (Algarve), onde fez o secundário.

Decidiu seguir carreira na aviação por influência do irmão Ricardo, interrompendo o curso de gestão.

Desde Setembro na Aviator College.

“Tenho estado a gostar bastante tanto das aulas práticas como teóricas”.

Já fez o 1.º voo solo.

“Em termos estatísticos, esta ocupação profissional não é Fer alto risco”.

“Planos de carreira são eventualmente ir para uma companhia aérea”.

🛩️RICARDO QUINTAS, 21

[ Irmão gémeo do Miguel ]

Nasceu em Faro (Algarve), onde fez o secundário.

Começou a fazer Engenharia Civil, mas sempre a pensar na carreira de piloto.

Desde Setembro na Aviator College.

1.º voo teve duração de um quarto de hora e “tudo correu como planeado”.

“Há mais risco nesta fase dos estudos do que estar numa companhia aérea e eu vejo isso pelas estatísticas”.

“Não quero ser instrutor, quero ir directamente para uma companhia aérea – se puder em Portugal”.

🛩️LORENZO TAVARES, 19

Natural de Lisboa, onde fez o secundário no Parque das Nações.

Desde os 6 anos que pensa em ser pilotos, “nem nunca tive um plano B. Via aviões desde pequeno”.

Está desde Maio na Aviator College.

“Estava bastante nervoso no 1.º voo solo, mas senti uma sensação de liberdade”.

“O nosso conhecimento faz com que esta ocupação seja menos perigosa, estamos preparados para qualquer tipo de imprevisto”.

“Queres ser piloto, nós ajudamos-te desde que te esforces e dês o teu máximo” – disseram-lhe os pais.

🛩️PEDRO VALDEIRA, 20

Nasceu em Sintra e fez o secundário em Manique.

“Desde miúdo que quero ser piloto, o meu pai também faz da aviação carreira e nasci já dentro dos aviões. Foi uma paixão que foi crescendo ao longo dos tempos”.

Há 1 ano na Aviator College, com cerca de 120 horas de voo.

“No 1.º voo solo, ao início, quando se está no avião, é uma sensação de insegurança, mas eu costumo dizer que quando se mete o ‘full power’, o stress sai todo e já não há nada a fazer a não ser voar o avião e aterrar”.

🛩️TOMÁS VILLAS-BOAS, 19

Nasceu em Cascais, onde fez o liceu.

“Sempre quis ser piloto, desde sempre”, porque o pai é piloto da TAP, “e cresci nesse mundo”.

Está desde Setembro de 2022 na Aviator College.

“1.º voo foi espectacular! Estava super nervoso não dia anterior, mas mal me sentei no avião, fiquei super tranquilo”.

Acumula 140 horas de voo.

“Hoje em dia a aviação é muito segura em diversos aspectos; se calhar a fase com mais risco das vidas profissionais é agora. E mesmo assim é tudo muito seguro”.

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