LISBOETA É VOLUNTÁRIA E DEFENSORA DOS DIREITOS DOS ANIMAIS EM ONG DA FLÓRIDA
Por HENRIQUE MANO | Port St. Lucie, FL
Colaboração: GUILHERME CERQUEIRA
Quando, há quatro anos, trocou os invernos de Massachusetts pelos dias ensolarados da Flórida, a lisboeta Mónica Bensaude Fernandes levou consigo os dois gatos de estimação. “Farta de cavar neve”, como disse ao jornal LUSO-AMERICANO, começava uma vida nova no sul dos Estados Unidos.
Em Agosto de 2020, em plena pandemia COVID-19, Mónica Fernandes perde o “meu mais velho” (é assim que se refere aos gatos, como membros da sua família). Tinha 20 anos! Volvidos dois meses, levava para casa duas gatas pequenas – elevando para três o “agregado familiar felino”.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Mónica Bensaude Fernandes é voluntária no centro de abrigo de animais abandonados “Humane Society” em Port St. Lucie, na Flórida
A emigrante portuguesa, que vive nos EUA desde a década de 90, recorreu a um gatil público para adoptar as duas gatinhas. “Fiquei com tanta gratidão, que senti a necessidade de fazer algo para contribuir para uma ‘Humane Society’”, conta.
Não tardaria muito, e era voluntária e membro do conselho de administração da “Humane Society” [ https://hsslc.org/about-hsslc/ ] do condado de St. Lucie, na cidade de Por Saint Lucie, “uma organização sem fins lucrativos que vive de doações do público e que tem uma regra: não abate os animais”.
Ao abrigo, chegam quase diariamente cães e gatos sem casa, vítimas de maus tratos e abandonados, a quem são administrados cuidados veterinários e outros (nomeadamente vacinas e introdução de microchips de localização e identificação).
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Ao abrigo, chegam quase diariamente cães e gatos sem casa, vítimas de maus tratos e abandonados, a quem são administrados cuidados veterinários e outros (nomeadamente vacinas e introdução de microchips de localização e identificação)
Para além do tempo que dedica ao gatil (a portuguesa só lida com felinos), Mónica Fernandes desenvolve também acções de sensibilização pública onde procura explicar que “ ter um animal é uma grande responsabilidade. Digo sempre às pessoas, quando cá vêm para adoptar um gato, que é uma responsabilidade para 15, 20 anos, fica a fazer parte da nossa família. Não é uma coisa que a pessoa acha muito gira um dia e, a seguir, já está farta e quer-se ver livre do animal, não é um acessório. Tratem dos animais como tratam dos filhos (que espero que tratem bem)”.
Com os processos de adopção a diferirem de região para região, Fernandes avisa que “os animais com menos de 6 meses de idade requerem mais trabalho e, depois disso, menos cuidados. Quando são recém-nascidos, é preciso arranjar uma familia que faça ‘fostering’, dê leite, etc., e não há muita gente que saiba fazer isso sem causar grandes danos ao animal”.
Jornal: LUSO-AMERICANO | “Os animais não têm voz e é por isso que eu me dedico a esta causa”, afirma, “para lhes dar voz”
A avaliar pela experiência da voluntária e defensora de animais, “as famílias com crianças procuram animais pequenos, mais activos, mas que, por outro lado, também requerem mais energia por parte dos donos; já os mais idosos procuram animais mais estabelecidos”.
Fernandes nota ainda que, “nas idades mais novas, os animais não têm uma personalidade definida, são todos muito simpáticos e engraçados, mas quando eles são adultos é que a personalidade está definida”.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Um dos animais a adoptar na “Humane Society” do condado de St. Lucie, na Flórida
O abrigo de Port Saint Lucie tem uma média de 150 animais para adopção, “sempre acima das nossas capacidades, infelizmente”. Chegam-lhes muitas vezes vítimas de negligência ou mesmo abusos físicos (“já vi um cão que nos foi entregue com uma queimadura química e a sangrar”, relata).
A voluntária, que se queixa da leveza da legislação que pune quem abusa dos animais, vai três vezes por semana ao abrigo e, em cada uma das visitas, dedica de 2 a 3 horas de voluntariado. Isto nos intervalos da sua actividade profissional (representa o grupo hoteleiro de família Bensaude nos EUA).
“Os animais não têm voz e é por isso que eu me dedico a esta causa”, afirma, “para lhes dar voz”.