PROTESTOS: Agricultores bloqueiam estradas de norte a sul
Várias estradas de acesso à fronteira com Espanha estiveram ontem bloqueadas por agricultores portugueses com os seus tractores, que aderiram aos protestos que acontecem noutros países da Europa, reclamando a valorização do sector e condições justas.
Em causa está uma iniciativa do Movimento Civil de Agricultores, que decorre um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).
Os agricultores começaram os protestos ao início do dia e, segundo a Guarda Nacional Republicana (GNR), pelas 07:30 várias estradas do país estavam condicionadas, entre as quais a A25, na Guarda, com uma concentração de 200 tractores entre o nó de Leomil e Vilar Formoso, que juntou agricultores de toda a Beira Interior.
Já em Elvas, distrito de Portalegre, os agricultores concentrados junto à fronteira do Caia ameaçam mesmo levar os protestos até Lisboa, caso o Governo não os contacte sobre as reivindicações do sector.
Também em Santarém uma concentração de 100 veículos agrícolas provocou um condicionamento na ponte da Chamusca, enquanto em Beja, entre Vila Verde e Ficalho, na Estrada Nacional 260, os agricultores manifestaram-se com cerca de 45 tractores e quatro viaturas pesadas.
Camionistas espanhóis retidos na fronteira de Vila Verde de Ficalho, concelho de Serpa (B-ja), devido ao corte da Estrada Nacional 260 (EN260) por agricultores alentejanos, disseram compreender o protesto, restando-lhes só a opção de regressarem à base.
Mais tarde, os cerca de 800 agricultores e 100 tractores concentrados na Ponte da Chamusca deslocaram-se para um novo ponto de protesto, com o objectivo de cortar o trânsito na Autoestrada 23, junto à saída da Cardiga, em direcção a Tomar.
No distrito de Bragança, um grupo de agricultores com 60 tractores reuniu-se em Mogadouro para percorrer em marcha lenta a Estrada Nacional (EN) 221 até à fronteira da Bemposta.
Em Coimbra, centenas de tractores e máquinas agrícolas percorreram em marcha lenta a Estrada Nacional (EN) 111 em direcção à Baixa de Coimbra, onde os promotores do protesto esperavam juntar, ao final da manhã, meio milhar de veículos.
O Movimento Civil de Agricultores, que se apresenta como espontâneo e apartidário, garantiu que os agricultores portugueses estão preparados para “se defenderem do ataque permanente à sustentabilidade, à soberania alimentar e à vida rural”.