Alto-Comissário das Nações Unidas “horrorizado” com vala comum encontrada em Gaza
O Alto-Comissário para os Direitos Humanos, Volker Turk, manifestou-se “horrorizado” com a descoberta de mais de 280 cadáveres numa vala comum nos terrenos do Hospital Nasser, em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza.
Turk utilizou o mesmo adjectivo para definir a destruição do hospital local, na sequência da ofensiva militar de Israel, e apelou a uma investigação “independente, efectiva e transparente” sobre a morte destas pessoas.
“Dado o clima de impunidade, a investigação deve incluir investigadores internacionais”, defendeu.
“Os hospitais têm uma protecção muito especial ao abrigo do direito internacional humanitário”, disse, sublinhando que a morte de civis, detidos e outras pessoas à margem dos combates “é um crime de guerra”.
Até agora, o exército israelita ainda não fez qualquer declaração sobre estas constatações, denunciadas pelas autoridades de Gaza, controladas pelo Hamas.
Segunda-feira, a Defesa Civil da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, afirmou ter exumado nos últimos três dias cerca de 200 corpos de pessoas alegadamente enterradas pelas forças israelitas em valas comuns nas proximidades do hospital, e confirmou que mais 283 corpos foram descobertos nas sepulturas.
Os hospitais em Gaza, que Israel afirma serem usados como centros de operações militares do Hamas, foram severamente alvejados durante a operação militar levada a cabo pelo Exército israelita no território palestiniano.
Turk denunciou igualmente a morte de civis na sequência dos últimos bombardeamentos israelitas na cidade de Rafah, no sul do país, e manifestou-se contra uma ofensiva israelita em grande escala à cidade, onde mais de 1,2 milhões de palestinianos foram deslocados de outras partes da Faixa de Gaza pelas operações militares de Israel.
Apontou ainda que a Cisjordânia e Jerusalém Oriental são palco de violações dos direitos humanos que “continuam imparáveis” e salientou que, apesar da condenação internacional dos ataques “maciços” dos colonos entre 12 e 14 de Abril, “facilitados pelas forças de segurança israelitas”, estes ataques continuaram com o apoio de agentes israelitas.