EUROPEU 2024: Portugal teve ‘aliado’ checo e entra a ganhar com sofrimento

Portugal sofreu, mas estreou-se hoje no Euro2024 de futebol com uma vitória tirada a ‘ferros’ sobre a República Checa (2-1), num encontro do Grupo F em que teve um ‘aliado’ de peso na equipa rival.

Em Leipzig, já depois de Lukás Provod ter dado vantagem aos checos, aos 62 minutos, o central Hranác refez a igualdade com um autogolo, aos 69, e amorteceu a bola para Francisco Conceição, acabado de entrar, consumar a reviravolta, aos 90+2, naquele que foi o primeiro tento do extremo do FC Porto com a camisola das ‘quinas’.

No ‘olá’ de Portugal ao Europeu da Alemanha, como positivo, fica apenas a vitória, e com bastante sorte à mistura, numa exibição lusa que deixou muitas dúvidas sobre o verdadeiro poderio da equipa comandada pelo selecionador Roberto Martínez.

O treinador espanhol continua 100% vitorioso em jogos oficiais (11 em 11), mas, hoje, Portugal teve muitas dificuldades para conseguir bater uma República Checa que apresenta valores individuais bem abaixo das que existem na seleção nacional.

A equipa das ‘quinas’, que passa agora a liderar o Grupo F em conjunto com a Turquia, até teve muita posse de bola (70%), mas mostrou um completo vazio de ideias para superar a barreira defensiva que os checos apresentaram. 

Valeu a ajuda involuntária de Hranác, que esta noite terá de certeza problemas em adormecer.

Na defesa, os problemas que surgiram durante a fase de preparação continuam bem presentes, com os jogadores a ficarem ‘estáticos’ no lance do golo checo, bem como em outros, que poderiam ter tido um desfecho mais amargo.

Com 40 mil espectadores na Red Bull Arena, Pepe foi titular e passou a ser o mais velho de sempre a atuar num Europeu e Cristiano Ronaldo chegou às seis fases finais, algo inédito na história do torneio.

Nuno Mendes foi a surpresa numa defesa a três, mas a principal interrogação foi o posicionamento de João Cancelo, que, quando se esperava que ocupasse a ala, acabou por surgir grande parte das vezes em pleno meio-campo e na fase de construção.

Depois de algum atrevimento da República Checa nos instantes iniciais, a seleção da Europa central recolheu à sua defensiva, quase sempre com os 11 atrás da linha da bola, dando de forma deliberada a bola a Portugal.

O futebol português foi sempre muito ‘mastigado’, sem velocidade, tirando alguns rasgos de Bruno Fernandes e Rafael Leão.

A meio da primeira parte, o médio do Manchester United esteve perto de assistir o avançado do AC Milan, que ficou a muito pouco centímetros de encostar para baliza, no primeiro lance com algum perigo junto da baliza checa.

Seguiu-se uma grande oportunidade para Cristiano Ronaldo, que, isolado, permitiu a defesa de Stanek, num lance que, se fosse golo, poderia ser anulado pelo VAR, por fora de jogo, e novo remate perigoso do capitão da seleção nacional em cima do intervalo.

No regresso dos balneários, tudo se manteve igual, com Portugal a ter bola, mas a não ter soluções, e a República Checa, no seu primeiro remate a sério, acabou por se colocar em vantagem.

Completamente solto e com os jogadores de Portugal a defender com os ‘olhos’, Provod atirou com sucesso de fora da área, não dando qualquer hipóteses a Diogo Costa, que até então tinha sido praticamente um espetador em pleno relvado.

Com surpresa, Martínez tirou Rafael Leão, colocando em campo Diogo Jota, e lançou Gonçalo Inácio para o lugar de Dalot, com Nuno Mendes e João Cancelo, finalmente, a ocuparem as alas.

E foi mesmo Mendes, mais subido em campo, que esteve no golo do empate, cabeceando já dentro da área para uma intervenção infeliz do guarda-redes Stanek, que, no chão, empurrou a bola para as pernas de Hranác, tendo a bola entrado na sua baliza.

Na procura pelo triunfo, Bernardo Silva e Vitinha atiraram forte para defesas do guarda-redes checo e Diogo Jota festejou mesmo a reviravolta, mas viu o VAR anular o seu golo por fora de jogo de Cristiano Ronaldo. 

O capitão da seleção nacional foi apanhado múltiplas vezes nessa situação durante a partida.

À entrada para os descontos, Martinez mudou as alas, lançando Pedro Neto, Conceição e Nelson Semedo, e foram os dois primeiros a terem um peso grande no segundo golo.

Neto furou pela esquerda, cruzou rasteiro e o infeliz Hranác, já no chão, amorteceu a bola para Conceição aproveitar.

© Luso-Americano/Agência Lusa