Los Angeles: Mulheres marcham pelo direito ao aborto e igualdade

No segundo aniversário da revogação do direito federal ao aborto nos Estados Unidos da América, centenas de mulheres protestaram à porta da Câmara Municipal de Los Angeles exigindo a restauração dos direitos e prometendo que não irão “voltar para trás”.

“A discussão sobre igualdade de direitos nunca acaba para as mulheres”, disse à agência portuguesa de notícias “Lusa”, Emiliana Guereca, presidente da Women’s March Foundation. “Porque não temos igualdade garantida na constituição dos Estados Unidos, e retirarem-nos direitos reproductivos significa que irão atrás de outros direitos a seguir”.

Guereca fundou a Women’s March em 2016, após a eleição de Donald Trump, e organizou protestos em massa contra o ex-presidente, alguns dos quais ultrapassaram meio milhão de manifestantes.

“Não há nenhuma lei em nenhum país que force um homem a ter ou não ter filhos”, apontou a activista. “E quando a democracia falha, falha primeiro para as mulheres”.

O protesto assinalou dois anos após a sentença publicada pelo Supremo Tribunal no caso Dobbs v. Jackson Women’s Health Organization, que a 24 de Junho de 2022 revogou o precedente Roe v. Wade. Na sequência da decisão, 14 estados baniram totalmente o aborto, sem excepções, e sete impuseram restricções severas.

“Dobbs não foi apenas sobre aborto, foi sobre acesso a cuidados de saúde”, disse aos manifestantes Xavier Becerra, secretário-geral de Saúde e Serviços Humanos do executivo de Joe Biden. “Temos de continuar a lutar aqui em Los Angeles e na Califórnia, porque sabemos lutar pelos nossos direitos”, afirmou o membro do governo democrata.

A congressista Sydney Kamlager-Dove, que representa o 37o distrito da Califórnia na Câmara dos Representantes, apontou, que desde a decisão, houve um aumento de 20% no número de abortos no estado, em resultado das mulheres que tiveram de viajar de outros estados para obter o procedimento.

“Os republicanos querem uma proibição nacional do aborto”, afirmou a congressista. “Eles querem um esmagamento nacional dos estados para impedir que as mulheres tenham acesso aos cuidados de saúde de que precisam”.