EM 2023: Preço das casas aumentou 8,6 por cento
O preço mediano da habitação fixou-se em 1.611 euros por metro quadrado (m2) em 2023, um aumento de 8,6% relativamente ao ano anterior, divulgou esta semana o Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com as estatísticas da construção e habitação, no ano passado o preço mediano da habitação manteve-se acima do valor nacional nas sub-regiões da Grande Lisboa (2.740 euros /m2), Algarve (2.613 euros/m2), Península de Setúbal (1.901 euros/m2), Região Autónoma da Madeira (1.889 euros/m2) e Área Metropolitana do Porto (1.800 euros/ m2).
Naquele período, 50 municípios apresentaram um preço mediano superior ao valor nacional, localizados maioritariamente nas sub-regiões Algarve (14 em 16 municípios), Grande Lisboa (todos os nove municípios), Península de Setúbal (oito em nove municípios) e Área Metropolitana do Porto (sete em 17 municípios).
O município de Lisboa registou o preço mais elevado do país (4.167 euros/m2), tendo-se verificado também valores superiores a 3.000 euros /m2 em Cascais (3.976 euros/m2), Loulé (3.269 euros/m2), Lagos (3.182 euros/m2), Vila do Bispo (3.162 euros/m2) e Oeiras (3.158 euros/m2).
Segundo o INE, o Algarve e a Grande Lisboa apresentaram diferenciais de preços entre municípios superiores a 2.000 euros/m2.
Por sua vez, o número de alojamentos de habitação transaccionados em 2023 baixou 18,7%, face ao ano anterior, para 136.499, o registo mais baixo desde 2017, segundo dados do mesmo Instituto.
De acordo com as estatísticas da construção e habitação, no ano passado, o valor total das habitações transaccionadas fixou-se em 28.000 milhões de euros, o que representa uma redução de 11,9% relativamente a 2022.
Sem abrigo aumentaram
O aumento do preço das casas e a inflação estão a criar um novo tipo de sem-abrigo em Portugal, pessoas integradas socialmente que são empurradas para a exclusão, alertam associações que lidam com este problema e com a pobreza.
“Damos uma volta pela Gare do Oriente, Saldanha, Martim Moniz ou outras ruas de Lisboa (…) e dificilmente encontramos toxicodependentes ou alcoólicos” a viver nas ruas, como era o perfil dos sem-abrigo no passado, disse à Lusa o dirigente da associação Remar Luís Filipe Macedo.
Agora são “pessoas saudáveis que estão a lutar pela vida”, acrescentou.
O responsável apontou o aumento do preço das casas e do custo de vida como os principais factores para este fenómeno.
“Alguns até poderão ter algum trabalho ou biscate, mas não têm condições para ter casa e ficam a viver em tendas”, afirmou o dirigente da Remar.
Os dados mais recentes, referentes a 2022, indicavam 10.700 pessoas na condição de sem-abrigo em 2022.