Venezuelanos rejeitam resultados eleitorais nas ruas após Maduro ser proclamado presidente

Nicolás Maduro foi oficialmente proclamado presidente da Venezuela, depois do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter anunciado, no domingo à noite, que o líder chavista, no poder desde 2013, havia vencido as eleições, resultado que foi rejeitado pela oposição e parte da comunidade internacional.

Vários regimes próximos já felicitaram Maduro, como é o caso da Rússia, Nicarágua, Cuba, China e Irão, mas outros – Portugal, Espanha e EUA – demonstraram grande preocupação com a transparência destas eleições.

Além da posição divulgada pelos líderes de diferentes países, também o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou a uma “total transparência” na Venezuela.

Durante a cerimónia de proclamação como presidente reeleito, Maduro alegou estar em curso uma tentativa de golpe de Estado “de natureza fascista”, perante dúvidas sobre o processo da sua reeleição.

Maduro garantiu que este é “o mesmo filme” e “com um argumento semelhante” ao que viveu em 2019, em que “os protagonistas” são “os mesmos”. O líder alegou ainda que “estão a ser ensaiados os primeiros passos falhados para desestabilizar a Venezuela” e para impor novamente um “manto de agressão e danos”, uma “espécie de filme [Juan] Guaidó 2.0”, em referência ao período em que o opositor se autoproclamou “presidente interino” do país, um ‘mandato’ reconhecido por cinquenta países que nunca foi capaz de exercer.

No dia de segunda-feira, a recusa de resulta- dos levou cidadãos a bater tachos à janela, durante mais de uma hora, em vários bairros da capital – Caracas – num protesto contra a reeleição.

Também no Funchal, algumas dezenas de venezuelanos e luso-venezuelanos se manifestaram, defendendo que a vitória pertence ao candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia.

Os protestos rapidamente escalaram em vários estados e a noite foi de tensão no país. Acabaram por se registar confrontos entre manifestantes e forças de segurança, com gás lacrimogéneo lançado. Há dezenas de detidos e pelo menos sete mortos.

A Embaixada de Portugal em Caracas já pediu aos portugueses no país que se mantenham tran- quilos e evitem deslocações.

Também na segunda-feira, a Venezuela anunciou a retirada do seu pessoal diplomático de sete países latino-americanos – Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai – em protesto contra a contestam a reeleição.

Além disso, decidiu suspender os voos de e para o Panamá e a República Dominicana, a partir desta quarta-feira.

A contestação ao resultado é o mais recente episódio de uma série de eleições questionadas pela oposição e parte da comunidade internacional desde que Maduro chegou ao poder em 2013.

Na segunda-feira, o CNE anunciou a sua reeleição para um terceiro mandato (2025-2031) consecutivo, com 51,2% dos votos. O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2%, de acordo com os dados oficiais divulgados.

A oposição venezuelana reivindica a vitória com 70%, afirmou a líder opositora María Corina Machado, que diz ter provas da “vitória esmagadora” de Edmundo Gonzalez Urrutia.