VIANA DO CASTELO. Romaria D’Agonia volta a quebrar recorde

Por ANGÉLICA PINTO | em Viana do Castelo, PT

O Desfile da Mordomia contou este ano com o maior número de participantes de sempre na história das festas em honra de Nossa Senhora da Agonia. Foram mil as mulheres vestidas com os tradicionais trajes à Vianesa, que nem com o calor intenso daquele dia, perderam o entusiasmo.

O ano passado já tinha ficado marcado pela participação de 980 mordomas, das mais variadas idades e origens. Mesmo assim, 2024 consegui superar todas as expectativas iniciais da organização do evento.

Inicialmente foram abertas e validadas 900 candidaturas, que passaram rapidamente às mil, quando mais tarde foram disponibilizados mais cem lugares, que foram esgotados em apenas 15 minutos.

Entre as participantes estiveram 760 mordomas oriundas apenas do concelho de Viana do Castelo, segundo informações reveladas pela VianaFestas. Também se inscreveram mulheres de outras cidades do país e de outros 10 países diferentes, como por exemplo, a França, Estados Unidos da América, Suíça, Andorra, Luxemburgo, México, Brasil, Canadá e Países Baixos – a maior parte países conhecidos pela alta taxa de emigrantes portugueses.

Conhecido como “a maior montra de ouro ao ar livre do mundo”, as origens do desfile da mordomia remontam ao ano de 1968, onde pela primeira vez, o evento apareceu escrito num cartaz. 

No dia 15 de Agosto desse ano, e como forma de inaugurar a exposição-feira de artesanato realizada no antigo Mercado Municipal, foi organizado um Cortejo da Mordomia, que consistia num “luzido grupo de lavradeiras transportando foguetes, tabuleiros enfeitados, ‘segredos’…”.

Com o evoluir do desfile, este passou da participação de crianças de ambos os sexos para um evento exclusivamente feminino, com a participação de jovens a partir dos 14 anos, prendendo-se à essência da figura da mordoma – ícone deste momento da festa e que representa a transição, na escala social, de rapariga para mulher.

Foi assim iniciada, – tendo por base as tradições das mordomias das aldeias locais – uma das tradições mais valiosas da romaria, que se realiza sem excepção, desde 1977 até à data de hoje.

Entre avós, mães e filhas são criadas memórias ao redor deste dia. Preparam-se durante dias para mostrar a história da mulher vianense, desfilando orgulhosamente – ou como se diz tradicionalmente, “com chieira” – pelas ruas da cidade. 

Envergando os mais bonitos trajes e carregando quilos de ouro das suas famílias ao peito, as mordomas representam a tradição inalterada (do saber bem vestir e ourar, cumprindo os detalhes aprendidos com as gerações anteriores) numa sociedade em constante mudança.

Este ano, os trajes à Vianesa da Ribeira Lima, na cor vermelha, e de Terras de Geraz, assim como o de Mordoma preto com colete e palmito, foram os representados em maior quantidade durante o Desfile da Mordomia.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A organização validou, num primeiro momento, 900 candidaturas. Posteriormente disponibilizou mais cem vagas que foram esgotadas em apenas 15 minutos
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Numa romaria dedicada à padroeira dos pescadores em apuros, no evento não podia faltar a representação das gentes da ribeira e dos seus trajes
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Glória Afonso, antiga funcionária do jornal LUSO-AMERICANO, durante o Desfile da Mordomia no qual participou
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O traje à Vianesa da Ribeira Lima (vermelho)
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Mulheres das mais variadas idades e origens fizeram parte deste desfile, esbanjando a sua beleza e orgulho em carregarem ao pescoço o ouro das suas família
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Aspecto do ouro desfilado
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O traje de mordoma com colete preto e palmito