EUA. Grupo democrata retira apoio a Kamala Harris

Os líderes de um movimento democrata que protesta contra a guerra entre Israel e Hamas disseram esta semana que não apoiarão a candidatura presidencial da vice-presidente Kamala Harris, mas exortaram fortemente ao voto contra Donald Trump em Novembro.

O movimento ‘Uncommitted’ atraiu centenas de milhares de votos nas primárias democratas no início deste ano em protesto contra a forma como a administração liderada pelo Presidente Joe Biden, lidou com a guerra Israel-Hamas, em curso desde Outubro passado.

Os líderes do grupo exortaram a administração Biden a alterar a sua política em relação ao conflito, alertando para o facto de alguns eleitores democratas poderem abster-se de votar nas eleições presidenciais, em especial no estado decisivo do Michigan.

Apesar de meses de discussões com altos funcionários democratas, o descontentamento nas fileiras do voto de protesto só aumentou após a Convenção Nacional Democrata, quando lhes foi negado um orador no palco e outras exigências ficaram por satisfazer.

“A relutância de Harris em mudar a política de armas incondicionais ou mesmo em fazer uma declaração de campanha clara em apoio à defesa das leis de direitos humanos existentes nos EUA e internacionais tornou impossível para nós apoiá-la”, disseram num comunicado.

Os líderes do grupo também deixaram claro na sua declaração que se opõem veementemente a que os apoiantes votem no candidato republicano ou num candidato de um terceiro partido que “possa ajudar inadvertidamente a criar uma presidência Trump”.

Em vez disso, pediram aos eleitores que registassem “votos anti-Trump” e que votassem “em todos os níveis da votação”.

“Na nossa avaliação, a melhor esperança de mudança do nosso movimento reside no crescimento do nosso poder de organização anti-guerra, e esse poder seria severamente prejudicado por uma administração Trump”, sustentaram os representantes.

Para o movimento “Uncommitted”, a campanha de Harris não abordou directamente o anúncio do grupo numa declaração que dizia que a vice-presidente trabalharia para “ganhar todos os votos” e “unir” os EUA.

“Ela continuará a trabalhar para que a guerra em Gaza termine de uma forma em que Israel esteja seguro, os reféns sejam libertados, o sofrimento em Gaza termine e o povo palestiniano possa realizar o seu direito à dignidade, à segurança, à liberdade e à autodeterminação”, ripostou a campanha da candidata democrata.

Depois de a convenção do mesmo partido não ter incluído um orador palestiniano norte-americano, como solicitado, o grupo pediu à campanha de Harris que respondesse até 15 deste mês, ao pedido para que o vice-presidente se reunisse com as famílias palestinianas americanas no Michigan e discutisse as suas exigências da suspensão da venda de armas a Israel e de garantia de um cessar-fogo permanente. O grupo afirma que estas exigências não foram satisfeitas.

O movimento começou no Michigan quando mais de 100 mil eleitores associaram-se ao seu lema nas primárias democratas do estado, que alberga a maior concentração de árabes do país, o que faz deles um grupo eleitoral importante, uma vez que cada candidato presidencial tenta ganhar este estado crucial.