Guterres alerta que “mentiras e ódio” mantêm o antissemitismo vivo 80 anos após o Holocausto

Perante a Assembleia-Geral da ONU, onde assinalou o Dia Internacional da Memória do Holocausto, António Guterres – secretário-geral das Nações Unidas (ONU) – frisou que o mundo actual “está fraturado e perigoso” e considerou um dos exemplos mais claros e preocupantes a “negação do Holocausto”.

“Oitenta anos após o fim do Holocausto, o antissemitismo ainda está connosco — alimentado pelas mesmas mentiras e ódio que tornaram possível o genocídio nazi. E está a aumentar. A discriminação é abundante”, afirmou o líder da ONU.

“O ódio está a ser despertado em todo o mundo. Um dos exemplos mais claros e preocupantes é o cancro crescente da negação do Holocausto. Factos históricos indiscutíveis estão a ser distorcidos, diminuídos e descartados. Esforços estão a ser feitos para reformular e reabilitar os nazis e seus colaboradores”, alertou.

António Guterres defendeu que esses “ultrajes sejam enfrentados” através da promoção da educação, do combate às mentiras e através da verdade.

“Devemos condenar o antissemitismo onde e quando ele aparecer — assim como devemos condenar todas as formas de racismo, preconceito e intolerância religiosa que vemos hoje proliferar. Porque sabemos que esses males murcham a nossa moralidade, corroem a nossa compaixão e procuram cegar-nos para o sofrimento — abrindo a porta para atrocidades”, advertiu Guterres.

Na cerimónia, que de-correu na sede da ONU, em Nova Iorque, e que contou com sobreviventes do Holocausto e suas famílias, António Guterres relembrou: “Nestes dias de divisão, é ainda mais importante – que nos apeguemos à nossa humanidade comum e renovemos a nossa determinação de defender a dignidade e os direitos humanos de todos. Cada um de nós tem um dever. A história do Holocausto mostra-nos o que pode acontecer quando as pessoas escolhem não ver e não agir”.