RÉPLICA DE CARAVELA COM “INTERESSE HISTÓRICO” VAI ENRIQUECER ESPÓLIO MUSEOLÓGICO DO SPORT CLUB PORTUGUÊS DE NEWARK
• Por HENRIQUE MANO | Newark, NJ
Uma peça em madeira que ilustra os anos dourados da navegação portuguesa “atravessou” o rio Hudson e está agora nas instalações do histórico e centenário Sport Club Português de Newark, em New Jersey, à espera de ser transferida para a sua área museológica.
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Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A peça está agora na sala de conferências do Sport Club Português aguardando a transição para o seu espaço museológico
Representativa do período português da navegação oceânica (que conheceu o seu auge entre os séculos XVI e XVIII), a caravela terá chegado a Nova Iorque em meados da década de 1960, para adornar a entretanto extinta “Casa de Portugal”. Manteve-se em diferentes sedes de organismos estatais portugueses acreditados em Nova Iorque, até à sua transferência para o S.C.P.
“Esta peça, como qualquer outra que retrate a nossa epopeia marítima e a nossa época de auge, está sempre ligada aos grandes momentos da História de Portugal, àquilo que o nosso país foi e representou no mundo e àquilo que foi a primeira grande globalização histórica”, afirma o comandante Miguel Pargana, capitão de Mar-e-Guerra afecto ao gabinete de ligação da Marinha Portuguesa junto da sua congénere norte-americana em Filadélfia (que pôde admirar a peça in loco). “A primeira grande globalização mundial foi Portugal que a fez e isto foi um veículo da grande globalização – o intercâmbio mundial de negócios que primeiro existiu, foi através de embarcações como esta”.
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Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O comandante da Marinha Portuguesa Miguel Pragana admira a peça
O jornal LUSO-AMERICANO apurou junto de um ex-funcionário que a caravela foi trazida para Nova Iorque por um funcionário do estado português, Ramiro Valadão, que chefiou a “Casa de Portugal” em Manhattan de 1965 a 1969 e que mais tarde assumiria a presidência da RTP em Lisboa.
A mesma fonte, que descreveu Valadão como “um patriota de raro quilate, de agilidade mental e largueza de visão invejáveis”, teria entendido que a caravela seria “o melhor símbolo, um nobre e distinto padrão de supremo valor histórico, para identificar a imagem de Portugal nos EUA”.
Agora sem lugar em Manhattan, a peça chegou a bom porto a Newark, onde deverá em breve integrar o espólio do Museu do Sport Club Português – a quem foi entregue por alguém que teve o bom senso de a salvar e a confiar a uma instituição credível.
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Montado em 1995 no 1.º andar da sede da centenária agremiação, o museu reúne “centenas de peças”, diz o Presidente da Mesa da Assembleia Geral do S.C.P., Jack Costa, ao nosso jornal – incluindo objectos ligados à passagem histórica de Gago Coutinho pela colectividade da Prospect Street. “Estamos a preparar o museu para receber a caravela e a enquadrar de forma digna na sua colecção”, acrescenta Costa.
O comandante Miguel Pargana diz ainda sobre a peça: “quando olhamos para embarcações como esta, olhamos para a nossa História e olhamos para aquilo que primeiro identifica o nosso país em todo o mundo. É isto. Nós somos conhecidos por esta via”.
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Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O capitão de Mar-e-Guerra Miguel Pargana junto à caravela no S.C.P.
O capitão de Mar-e-Guerra chama a atenção para o facto de a caravela necessitar de obras de restauro, sobretudo numa das velas, e alerta para que “estas peças devam ser preservadas porque nos identificam. A Cruz de Cristo no pano, por exemplo, é única e ainda hoje, quando a Sagres desfralda as velas e as pessoas vêem a Cruz de Cristo, é um sentimento único porque é o símbolo que representa Portugal e a nossa Marinha”.
As peças de artilharia incluídas na réplica da caravela levam Pargana a concluir poder tratar-se “de uma embarcação enquadrada num período histórico pós-Descobrimentos”.