EMIGRANTE PORTUGUÊS VAI ABRIR 7.ª SAPATARIA DE LUXO EM NOVA IORQUE NA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA MAIS MOVIMENTADA DA AMÉRICA
• Por HENRIQUE MANO | Nova Iorque
O empresário português Carlos Mesquita, natural de Vermoim (Vila Nova de Famalicão), vai investir “perto de 1 milhão de dólares” na abertura em Março da sua sétima loja “Leather Spa” em Nova Iorque. O espaço de 450 pés quadrados está localizado na mais movimentada estação ferroviária da América – a Penn Station, no coração de Manhattan, por onde circulam diariamente cerca de 500 mil passageiros.
“Há já muito tempo que a Vornado [um gigante da imobiliária em Nova Iorque] nos convidava a abrir um espaço na Penn Station”, conta Carlos Mesquita, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO. “No entanto, só agora, com as obras de melhoramento na estação, é que resolvemos aceitar o desafio. É um investimento caro, mas que nos permitirá cobrir todas as zonas da cidade onde achamos que podemos servir bem os nossos clientes”.
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Mesquita, que se orgulha de ter trazido para Nova Iorque um conceito novo de luxo para o ramo de sapataria (não se inibe mesmo de dizer que é “o melhor sapateiro do mundo”), tem a sua loja principal na 55.ª Rua de Manhattan, a poucos passos da Quinta Avenida, e os restantes espaços espalhados pela cidade (loja no 8.º andar dos armazéns Saks Fifth Avenue, colada à Louis Vuitton; duas lojas no interior da Grand Central Station; loja na John Street, em pleno Distrito Financeiro e centro fabril de reparações em Long Island City).
As lojas de Carlos Mesquita estão para a sapataria como a Ferrari ou a Lamborghini para a indústria automóvel. “Se fosse mecânico de carros, só reparava marcas de luxo”, diz. Não é exagero.
Afinal, citado pelas maiores revistas de moda do mundo (da “Vogue” à “GQ”), o português tem entre os clientes que lhe levam sapatos, bolsas e malas, celebridades de todos os quadrantes – de figuras do entretenimento (Bruce Springsteen e Dua Lipa) a cabeças coroadas (“há uma princesa da Arábia Saudita que nos traz uma mala cheia de sapatos para reparar sempre que vem a Nova Iorque”), passando por primeiras-damas…
“A Melania Trump vinha aqui à loja da 55.ª Rua, sentava-se ali e era atendida por nós”, revela Carlos Mesquita, lembrando que tem a Trump Tower a menos de um quarteirão da porta. “Continua a ser nossa cliente, mas agora tem assessores que lhe fazem o serviço”.
Michelle Obama, do outro lado do espectro político, também confia os sapatos ao português. “Vem aqui e até nos trouxe pessoalmente um dos seus livros, com dedicatória”.
É a ele que os maiores designers e marcas do universo do luxo (de Christian Louboutin à Hermès, passando pela Dior, Chanel, Balenciaga ou Balmain) mandam os clientes fidelizados. Com a Hermès, por exemplo, tem um contrato de serviços “com 50 páginas de cláusulas. Neste momento, por exemplo, temos uma mala Birkin de 65 mil dólares cujo arranjo vai custar mais de $800. As marcas e os clientes confiam em nós por saberem que temos a tecnologia perfeita e a mão-de-obra qualificada para este tipo de serviço”, garante Carlos Mesquita. “Os sapatos têm de sair daqui na perfeição, para além de que também sabemos distinguir as imitações das marcas autênticas”.
Com 110 empregados e a lucrar cerca de 10 milhões de dólares anualmente, a Leather Spa chega a enviar uma centena de encomendas diárias para clientes ávidos dos seus serviços em todo o país e no estrangeiro (até do Alasca chegam Louboutins para um toque na icónica sola vermelha ou no salto…).
Carlos Mesquita diz ter nascido há 75 anos em Vermoim, uma povoação portuguesa do município minhoto de Vila Nova de Famalicão (“numa zona verde muito bonita, gente muito boa” – adjectiva), no seio de uma família “de classe media baixa”. A “síndrome de Marco Pólo” leva-o, em 1971, à descoberta do mundo. E chega a França, onde, anos e muitos sacrifícios depois, já tinha 18 sapatarias na área de Clermont-Ferrand.
Fascinado pelo espírito americano de que tudo é possível, atravessa o Atlântico para logo descobrir uma Nova Iorque onde as oportunidades lhe pareciam infindáveis… Estava certo.
Reconhece que o sucesso é um trabalho de equipa. “Tenho um respeito profundo pelos empregados. Vou à fábrica e não posso dar uma volta sem cumprimentar cada um deles, homens e mulheres. Olhar nos olhos dos empregados e dar-lhes a mão”.
Do alto da sua experiência, diz-se um eterno aprendiz das coisas da vida. E não se esquiva a deixar conselhos aos mais jovens… “Juventude, tenham confiança em vocês mesmos e arrisquem. Há que arriscar! Quem não arrisca, não vai a lado nenhum. É como as pessoas que querem ganhar a lotaria mas nunca jogam… Há que arriscar para ganhar. E ter respeito e viver constantemente em desafio. Coragem nisso”.