Homenagem a um herói
“Não havia limites para o Jorge. Cada passo que ele dava era um desafio. Sinto muito a falta dele.”
Foi assim que o sargento Randal Bisset, amigo e camarada de armas do português Jorge Oliveira definiu na passada quarta-feira no Parque dos Veteranos do condado de Essex, o amigo que perdeu em Paktika, no Afeganistão, em 2011, perante mais de 400 pessoas, entre colegas, amigos, familiares e conhecidos do homenageado.
Uma estátua em bronze com oito pés de altura olha agora de frente para o xerifado e para o Hall of Records do Condado.
“Vamos vê-lo todos os dias a olhar para nós, a dar o exemplo aos mais novos de como se é heroi, como se trabalha com afinco e determinação e como se é amigo do seu amigo,” disse Armando Fontoura visivelmente comovido, numa homenagem plena de signficado e justa. Sobretudo justa. “O Jorge nunca faltou ao serviço, e para ter férias tínhamos de o empurrar e numa acção policial era sempre o primeiro a oferecer-se,” disse o xerife.
A mestre de cerimónias foi a senadora Tereza Ruiz, que apresentou um a um os oradores da tarde. Primeiro Mark Beckett que cantou o hino americano e dedicou uma canção cheia de sentido patriótico à família de Jorge Oliveira, depois o Padre Manuel Oliveira que confortou a família quando Jorge Oliveira perdeu a vida pelo seu país. Seguiram-se Blonnie Watson, presidente do Board of Freeholders que fez um discurso comovido.
“Quando se perde uma vida, perde-se um pedaço da alma americana e o Jorge fez o último sacrifício pelo seu país,” referiu.
Sheila Olivier não conseguiu conter as lágrimas. A porta-voz do senado de New Jersey teve que fazer um esforço para continuar a falar. “É tão difícil, disse.”
Chris Tyminsky, presidente do PBA de New Jersey referiu o esforço na angariação de cerca de 20 mil dólares necessários para a construção da estátua.
“Graças a todos, conseguimos terminar o que começámos há cerca de 2 anos.”
Marco Oliveira, irmão de Jorge falou do carácter do irmão. “Neste momento, se estivesse aqui, ele diria; mas o que é isto? Eu não mereço isto. Claro que merecia, disse Marco. Ele era uma pessoa fantástica, um perfeccionista que amava o seu trabalho e os seus colegas e amigos.”
O espaço final foi reservado para Joseph DiVincenzo.
O Executivo do Condado falou dos 3500 funcionários da condado que trabalharam para esta e outras estátuas colocadas em plazas na jurisdição de DiVincenzo.
“Usamos as nossas plazas para homenagear gente que faz tudo por Essex e o Jorge foi um deles,” disse.
Um corpo da guarda nacional fez uma salva de 21 tiros no momento em que DiVincenzo terminou o seu discurso e quando o momento era de descerrar a estátua, envolta com as cores americanas.
Este foi o momento mais difícil para todos. Quando as cores americanas deixaram a estátua a nú, a mãe Amanda desfez-se em lágrimas. Ali estava o Jorge, uma imagem quase viva da sua personalidade e estilo a perpetuar o último sacrifício que um jovem pode fazer.
Momentos antes, um general da Guarda Nacional tinha dito que “o Jorge abandonou temporariamente o xerifado para ser militar porque queria ser um exemplo para os jovens da sua idade no seu bairro, no Ironbound.”
A cerimónia foi muito emotiva. Fontoura sofria claramente por ser amigo e superior hierárquico de Jorge Oliveira, uma faceta humanista e honesta que nunca conseguiu disfarçar sempre que um dos seus agentes é vítima.