LARES
Já aqui me referi à tirania do abandono dos pais nos hospitais, sem morada, telefone ou qualquer outro contacto.
Fazem-no sobretudo a idosos com demência ou alzheimer. Considero um crime esta acção levada a cabo, na sua maioria por pessoas de grande capacidade financeira. Para os filhos, os pais e avós são um impeçilho, um peso a mais na vida fingida dos ricos e famosos.
Hoje vou mais longe, seguindo o raciocónio de Bagão Fléxix. O governo gasta fortunas com os bancos e deixa apenas uns trocos para os lares que albergam idosos. Agora é mais grave. Não são somente os familiares que cometam estes crimes, mas também o próprio governo que protege juízes corruptos, banqueiros corruptos, ex- primeiros ministros corruptos, gestores corruptos, deixando à sua sorte e à mercê da sorte e do destino centenas e centenas de pessoas que já contribuíram para a sociedade, mais do que não fosse gerando advogados, gestores, ministros e outra gente importante que hoje fecha os olhos às maldades dos tempos modernos.
Os lares e casas de acolhimento, supostamente teriam de ser espaços de Paz, calma e sossego para os mais idosos a trilhar os últimos quilómetros da sua vida. Teriam de ser capacitados, legais, verdadeiros e acompanhados e vigiados pelas autoridades para evitar abusos, agressões, violência e medo. Há muitos lares em Portugal onde os mais vulneráveis sofrem atrocidades que nem na idade média seriam consideradas normais. Um dia visitei um lar em Mangualde. Os poucos minutos que lá estive pareceram uma eternidade. Gente que grita e chora (talvez com saudades da família) talvez pela ausência do aconchego do lar onde já foram felizes, talvez por tentarem empurrar a porta da morte que teima em não se abrir.