HARTFORD, CT | É ribatejano e veste a farda de State Trooper
Nasceu João António Jorge dos Santos, no hospital da cidade de Torres Novas, pertencente ao distrito de Santarém, mas fui registado em Mira de Aire, onde os meus pais viviam e trabalhavam”, afirma o ‘state trooper’ ao serviço de Connecticut – em entrevista concedida ao jornal LUSO-AMERI- CANO. “Eles são do concelho de São Bento”.
João tinha apenas cinco meses e meio quando António e Etelvina emigraram para os Estados Unidos. “Vivemos dois anos e meio em Bronx e depois mudámos-nos para Hartford”, conta; na cidade-capital do ‘Estado Constituição’, faz o liceu e logo de seguida emprega-se no departamento municipal ‘Parks & Recreation’, onde se mantém até aos 36 anos de idade.
“Eu sempre quis fazer carreira na polícia”, explica, “mas pensava que não chegaria lá. Contudo, com o incentivo de amigos que tinha na polícia, resolvei fazer o teste e finalmente entrei no mundo da lei e da ordem – já um tanto tarde, mas entrei”.
Depois da formação na Academia da Polícia de Estado em Meriden, João dos Santos é colocado na Troop L em Litchfield e começa carreira a fazer patrulha. “Estava afecto a uma zona mais rural, pelo que o meu trabalho não era tanto em auto-estradas mas em estradas do interior”, nota.
Pouco mais de uma década depois, em outubro de 2017, é transferido para a Troop H, em Hartford, onde ainda se encontra. O português completa o turno das 11:00 da noite às 7:00 da manhã, durante o qual é responsável por fazer aplicar as leis do trânsito, entre outras tarefas.
“Se pudesse recuar no tempo, voltava a escolher esta carreira – muito embora talvez começasse mais cedo, lá pelos meus 20 anos”, diz João dos Santos. “Ainda assim, acredito ter começado a ser polícia numa boa fase da minha vida; aos 36 anos já tinha mais experiência de vida e de contacto com o público, sobretudo por via do meu antigo emprego, e creio que isso fez de mim um ‘state trooper’ melhor e maia abalizado. Aos 20 anos, teria sido um profissional diferente, digamos”.
O imigrante ribatejano também reconhece que o domínio do português é uma valência importante – “chego a ser contacto para servir de intérprete em situações de polícia”.
É membro do Clube Português de Hartford e também está afiliado à Casa do Benfica local, mas o folclore foi durante muitos anos a sua grande paixão, tendo mesmo sido ensaiador do conceituado Rancho Folclórico do Clube Português de Hartford, a formação do género mais antiga em actividade contínua na Nova Inglaterra. “Entrei aos 13 anos de idade e até o fandango aprendi a dançar”, refere. “É que o Ribatejo nunca saiu de mim, apesar de eu ter vindo para a América tão pequeno”.