SÃO PAI E FILHO E DEIXAM MARCA NO FUTEBOL EM CONNECTICUT

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

O ano que hoje encerra pode não deixar recordações memoráveis para milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, para o português Ezequiel (Zeke) Seguro, 2020 marca a chegada a uma meta de peso: as 300 vitórias como treinador da equipa masculina de futebol do liceu William H. Hall High School, em West Hartford, no estado de Connecticut. É o cimentar aos 57 anos de idade de uma carreira como técnico que o eleva já ao patamar dos grandes da modalidade na Nova Inglaterra.

Ezequiel tinha 7 anos quando a família emigrou para a América, trocando São Bento, no município de Porto de Mós, pelo estado de Connecticut. Os Estados Unidos não penas lhe deram uma alcunha pela qual é mais conhecido – Zeke – como a oportunidade de brilhar no universo do desporto.

Quando terminou o Hartford Public School, os Seguro mudaram-se para os subúrbios da capital, Newington; ainda se matriculou no Manchester Community College, ancorado pelo talento pela bola, enquanto trabalhava em regime part-time para o diário ‘Hartford Courant’, na área de distribuição. Aos 19 anos aceita a oferta de um emprego a tempo inteiro na publicação. “Trabalhei 25 anos para o jornal”, afirma Zeke Seguro, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “Ao longo desse período fui promovido cinco vezes e, à data da minha saída, já tinha um cargo de responsabilidade a nível regional”.

Zeke tem motivos para estar entre os melhores – porque com eles aprendeu o ofício. “Comecei a jogar aos 9, 10 anos de idade”, recorda, “para os ‘Hartford Dragons’ do Dick Vida. O meu primeiro treinador foi Victor Santos”.

Fazia parte da equipa do liceu quando em 1977 conquistou um campeonato a nível estadual, garantindo um lugar como jogador ‘All-State’ (uma espécie de ‘dream team’).

A carreira como jogador ainda o levou à popular equipa semi-profissional do Hartford Portuguese Soccer Team, onde permaneceu de 1983 a 1990. “Sabia, nessa altura, que ser treinador seria o passo natural a seguir”, nota, “e em 1992 já era auxiliar do Tony Horta e do Victor Santos no Liceu de Wethersfield”. Passa ainda como técnico adjunto pela equipa feminina de futebol da Quinnipiac university para, em 1995, aceitar o posto de treinador do liceu onde ainda hoje se mantém.

A equipa do liceu que Zeke Seguro treina joga no âmbito do Class LL CT State Championship (que conquistou este ano, depois de no anterior ter ficado em 2.º lugar); o português também esteve ligado à West Hartford Premier (1994-2009) e treina ainda equipas juvenis do FSA FC (da Regional 1 Premier League).

“Ter chegado às 300 vitórias com o Hall high School no dia 2 de Novembro representa para mim um grande feito”, reconhece, “mas não deixa de ser todo um trabalho de equipa. As vitórias, apesar de importantes, claro, são sempre secundárias: o importante é jogarmos coesos e representarmos condignamente a nossa equipa”.

Zeke tem procurado passar os ensinamentos de toda uma vida – dentro e fora do relvado – ao filho Drew, de 18 anos, que nasceu em West Hartford e se prepara para frequentar a Quinnipiac University, em Hampden, CT, graças igualmente à habilidade para o futebol].

Considerado um dos 20 melhores futebolistas da Nova Inglaterra no seu escalão, Drew Seguro – como aluno do Hall H.S. – marcou 47 golos e fez 40 assistências; na Quinnipiac, onde pretende seguir Gestão de Empresas e Comunicação, vai poder provar porque é jogador de nível ‘All-State’, ‘All-Region’ e ‘All-New England’ na Division I da Soccer MACC Conference.

Fora dos relvados, o luso-americano também beira a excelência, pertencendo à National Honor Society e à Chinese Honor Society.

Zeke Seguro, que nunca ambicionou jogar a nível profissional na terra de origem, diz ter admiração por Iniesta, Bruno Fernandes, Rui Costa e Luís Figo.Ex-integrante do Rancho Folclórico do Clube Português de Hartford, Seguro está casado com Maryanne e, para além de Drew, tem ainda dois outros filhos – Max, a tirar finanças na UCONN e Julia, a fazer o secundário.