A HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO DE EMIGRANTE PORTUGUESA QUE PASSOU DE TÉCNICA DE HIGIENIZAÇÃO A AUXILIAR DE ENFERMAGEM NO MESMO HOSPITAL

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Quando, a 1 de Maio de 1999, emigrou para os Estados Unidos, Ana Santos arranjou emprego como técnica de higienização e limpeza no St. Francis Hospital – em Hartford, CT. Era um porto seguro para a nova emigrante que, deixando para trás a sua terra natal (Guilhafonso, no distrito da Guarda), ali iria recomeçar vida, como, antes de si, tantos outros portugueses fizeram…

“Eu trazia o 12.º ano feito em Portugal e estive uma década a trabalhar na limpeza do hospital, muito embora soubesse que gostava de ir mais longe”, conta Ana Santos, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO.

Com a colaboração do marido, que ajudou a criar as duas filhas do casal “e sempre me deu todo o apoio”, Ana pôde matricular-se no Capitol Community College e obter o curso de auxiliar de enfermagem, em 2010. E assim mudar de vida, provando a si própria – e quiçá aos outros – que não há limites nem idade para aprender…

🌐AFECTA AO BLOCO OPERATÓRIO

Hoje está afecta ao bloco operatório do mesmo St. Francis, que se pode orgulhar de ser o maior hospital católico da Nova Inglaterra e o único em Connecticut incluído na lista dos 100 de topo da Watson Health, em 2019. Os auxiliares de enfermagem estão presentes no atendimento básico ao paciente que chega a uma unidade de saúde, preparando-os para consultas e procedimentos – sob orientação dos enfermeiros e restante equipa médica. Também efectua alguns exames mais simples, colhe materiais, faz curativos, esteriliza instrumentos, etc..

“Como é das urgências que nos chegam os pacientes, muitas vezes lidamos com vítimas de acidentes, tiroteios, facadas, etc.”, diz Ana Santos. “Muitas vezes ando a correr para salvar vidas. Quando entrei no hospital como técnica de limpezas, observava com admiração o que faziam os auxiliares de enfermagem e pensava para mim que, quando pudesse, ainda havia de estudar para fazer o mesmo. Adoro o hospital, é uma alegria ir para o emprego, trabalhar em equipa e ajudar os meus pacientes.”

Lembra que, como auxiliar de enfermagem, “estamos preparados para tudo, mesmo quando não conseguimos salvar a vida de alguém, apesar de termos feito o nosso melhor. Procuro ter uma mente positiva e são raros os doentes que morreram nas minhas mãos.”

🌐APANHA A VACINA COVID NO FINAL DO MÊS

A auxiliar de enfermagem espera agora tomar, “no final deste mês”, a muito procura vacina contra a COVID-19. Sempre se preocupou com a situação da pandemia, muito embora nunca tivesse sido infectada. “Mas todos os dias me preocupava com a possibilidade de poder levar para casa a doença e transmitir a alguém de família”, nota. Ana Santos tem duas filhas, uma de 16 e outra de 20, sendo uma delas portadora de uma séria condição médica.

Quando pode, faz trabalho voluntário na Igreja Nossa Senhora de Fátima, em Hartford, sobretudo na área da cozinha; a filha Alexandra, por seu lado, faz parte do rancho folclórico da mesma instituição religiosa.