O GESTOR DESPORTIVO QUE DÁ TOQUE PORTUGUÊS AO ‘OPEN’ DE TÉNIS DOS ESTADOS UNIDOS

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Durante a preparação e o decorrer de um dos mais seguidos eventos de ténis do planeta – o ‘Open’ dos EUA, que tem lugar em Nova Iorque, são muitas as responsabilidades que recaem sobre o luso-americano George Moreira, 51. O gestor desportivo, que se formou pela St. John’s University, tem entre as suas tarefas “garantir apoio aos atletas que participam no torneio no tocante ao transporte, necessidades de alimentação, alojamento e outros”, descreve Moreira, em entrevista exclusiva concedida ao jornal LUSO-AMERICANO no local onde o ‘Open’ tem lugar, o Estádio Arthur Ashe, em Nova Iorque. “Como gerente de operações e director de torneios, contribuo para que todos os jogadores e respectivas equipas técnicas sejam tratados da forma mais profissional e com o maior respeito, indo de encontro às suas exigências – dentro do que é possível – e sem favoritismos. É claro que pessoas como Serena Williams, por exemplo, requerem uma atenção especial, não só por ser a melhor jogadora de ténis da actualidade, como possivelmente a maior atleta feminina de todos os tempos – ao nível mesmo de um Michael Jordan.”

A década de experiência junto da United States Tennis Association (USTA), entidade responsável pelo ‘Open’ de Nova Iorque – um dos quatro maiores torneios da modalidade que compõem o chamado ‘Grand Slam’, permitiu já a George Moreira lidar com ‘monstros sagrados’ como a citada Serena Williams, Rafael Nadal, Novak Djokovic, Mardy Fish, Sophia Cannon, etc. – “basicamente todos os tenistas de topo.”

George Moreira no interior do Arthur Ashe Stadium, em Flushing, NY, onde se disparu a final do ‘Open’de tenis dos EUA

🌐DE NEWARK PARA O MUNDO

O luso-descendente, que nasceu em Newark, NJ, filho de emigrantes de Ílhavo (Aveiro), e se expressa muito bem em português, foi recentemente promovido pela USTA, que tem sede na cidade nova-iorquina de White Plains; é agora responsável pelos torneios com jogadores em cadeira de rodas e com outros problemas de mobilidade, funções que passou a acumular com as de gerente de operações – que desempenha desde 2011.

George Moreira fez o liceu no Queen of Peace High School, em North Arlington, NJ, e começou carreira como relações públicas no New Jersey Devils, em 1988; cinco anos depois estava na New Jersey Sports and Exposition Authority, a coordenar uma equipa de limpeza com mais de 200 empregados que actuava na Meadowlands Arena e no Giants Stadium.

Passaria depois pela Major League Baseball, transitando para Manhattan (onde foi fundamental nas negociações entre a conhecida liga profissional e países da América Latina, no recrutamento de talentos); nos ‘Bears’ de Newark teve um cargo de chefia junto dos jogadores; em 2009 junta-se aos então ‘Red Bull’ de Nova Iorque, como consultor na área de Marketing e Estratégias de Negócio.

De 2007 à entrada para o mundo do ténis, George Moreira criou uma empresa de consultoria e gestão de eventos – a ‘Moreira Consulting’.

Procurando sempre exceder-se a si próprio, matriculou-se aos 50 anos na San Diego State University – onde pretende obter à distância um mestrado em Planeamento de Eventos.

🌐O TÉNIS NÃO É (SÓ) DE ELITES

George Moreira nota que “a pandemia fez muita gente despertar para o ténis. A venda de raquetes e bolas disparou e subiu 20% mais em relação a outras modalidades, segundo indicam estatísticas feitas nesse sentido. Trata-se, na verdade, de uma boa oportunidade para demonstrar que o ténis é acessível a todos, pode-se jogar num parque ou contra uma parede e com distanciamento social, uma vez que não envolve muito contacto físico. Não é um desporto de elite, como se julga, e pode-se aprender desde os 4 anos de idade – como, aliás, fez o André Agassi – e jogar-se até os 90 anos; nós temos ligas com praticantes dos 80 aos 90 anos a competir. Não sendo muito cansativo, exige alguma mobilidade e é muito intenso.”