Confinados ou não?
Devem estar recordados de uma notícia que publiquei nesta coluna sobre uma senhora de Coimbra que foi multada pela polícia por estar a comer uma sandes, estacionada, dentro do seu carro. Agora aconteceu o mesmo com outra senhora, multada em 200 euros por estar a comer uma sopa dentro do seu veículo. Isto numa altura em que é possível comer nas esplanadas. Diz um colega nosso que os últimos tempos têm sido de horror e afirma:
“Ridículo este país, este governo, estas leis. A caça à multa ultrapassa todos os limites em Portugal e depois queixamo-nos quando outros países da Europa nos tratam com desconfiança e dúvidas.
As pessoas lá estão, à porta da padaria, esperando a vez. Cumprimento-as e talvez até tenham retorquido algo atrás do uniforme, mas não quero saber. Passa um carro de vez em quando. A polícia também passa. Sorrio prontamente para eles, que seguem em frente, talvez para cumprir rotina, talvez para encontrarem um pato a quem possam extorquir a pensão. Nunca saberemos, nem interessa: agora, qualquer polícia que se veja leva com a chapa–5, a de pertencer a um grupo onde existem idiotas ocupados a chatear e a roubar pessoas.
Parecemos habituados a isto. Na televisão dizem-me que devo ter medo dos fascistas, a saber, do Mussolini e do Ventura. Curiosamente, nenhum deles é primeiro- ministro ou presidente. “É como fazem na Europa”. Ah! Estou mais descansado.
Estamos a “desconfinar”, que é o inverso de “confinar”. Só preciso descobrir o significado de qualquer uma delas e passarei a perceber o significado das duas. Contudo, não me parece que alguma vez venha a descobrir.