LUSO-AMERICANA É DIRECTORA DE ESCOLA NOVA-IORQUINA CATÓLICA DE PRESTÍGIO
Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO
É luso-americana, com raízes em Aveiro, a directora de uma unidade de ensino católica de prestígio no município nova-iorquino de Larchmont, condado de Westchester. Fátima de Carvalho-Gianni assumiu o cargo de ‘principal’ da Sts. John and Paul School em 2014 e prepara-se agora para receber 365 alunos no ano lectivo de 2021/22.
“Quando vim para aqui, tínhamos cerca de duas centenas de alunos; ao longo destes anos, conseguimos aumentar substancialmente o número de matrículas”, afirma Fátima de Carvalho-Gianni, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO.
A escola, que abarca todo o período académico da pré-primária ao ciclo preparatório, emprega cerca de 54 funcionários, incluindo um corpo docente com 20 professores. Foi criada em Setembro de 1952, três anos depois da formação da paróquia do mesmo nome, e é considerada pela própria Arquidiocese de Nova Iorque uma das suas melhores unidades de ensino.
🌐MUDANÇA DE CARREIRA
Fátima de Carvalho-Gianni nasceu em Sleepy Hollow, NY, filha de pai português natural de Salreu, Estarreja (Aveiro) e de mãe brasileira nascida em Niterói (Rio de Janeiro) – que emigraram há 57 anos para Westchester, NY. Logo após ter feito o liceu na Our Lady of Victory Academy, em Dobbs Ferry, formou-se em Engenharia civil pelo Manhattan College.
Trabalhou 7 anos no sector e foi precisamente a leccionar uma disciplina ligada ao Meio-Ambiente na Hofstra University, em Long Island, que despertou nela a paixão pelo ensino…
“Gostei tanto da experiência que pensei: acho que vou ter de me tornar professora”, conta Carvalho-Gianni, “sobretudo para encorajar mais portugueses, mulheres e outra minorias a abraçarem carreiras na área das Ciências.”
Enquanto trabalhava numa firma em Greenwich, voltou à universidade para um Mestrado em Ensino pelo Dowling College. “Ía todos os dias de carro de Westchester para Long Island.”
A luso-descendente reconhece que o universo da Ciência já foi mais dominado pelos homens… “Quando me formei, entre mais de uma centena de novos engenheiros, éramos apenas 7 mulheres…”.
🌐CRIAR CIDADÃOS RESPONSÁVEIS E COM VALORES
Começa por dar aulas numa escola católica no condado de Rockland, em Nova Iorque, até que em 2014 chega à Sts. John and Paul School, onde hoje estão implementados programas de incentivo à leitura e criatividade. “Procuramos incutir nos nossos alunos o espírito de compaixão e solidariedade, fazendo-lhes ver também que o bullying não é um comportamento aceitável”, afirma a directora escolar. “Procuramos ainda fazer ver aos nossos alunos mais velhos que a segurança e privacidades são importantes no universo das redes sociais.”
Carvalho-Gianni diz “ser importante passar a mensagem de que é necessário pensar naquilo que vamos dizer antes de o fazermos. As palavras podem ter um impacto forte nas pessoas.”
A directora sublinha o papel dos pais na educação dos alunos, chamando-os a serem mais participativos. “Nas escolas podemos não detectar todos os problemas que afectam os nossos alunos, que se podem manifestar de forma mais acentuada em casa”, explica. “Trata-se, afinal, de um esforço colectivo.”
🌐AULAS PRESENCIAIS EM TEMPOS DE COVID-19
Quando a pandemia da COVID-19 bateu à porta, Fátima de Carvalho-Gianni criou de imediato um grupo de trabalho com especialistas das mais variadas áreas para fazer frente à situação. “Quando nos apercebemos que tudo ia confinar, começámos logo por encomendar computadores portáteis para todos os alunos”, recorda. “Estivemos sempre em aulas presenciais; apenas 28 alunos optaram por estudar em casa. No final do ano lectivo, esse número tinha baixado para 11. Tínhamos todas as regras de saúde implementadas e os alunos só voltavam às aulas depois testados para a COVID-19. Ao mais pequeno sinal de doença, ficavam em casa. Os pais quiseram a escola aberta e acabou por ser um óptimo ano académico.”
🌐A FÉ E AS ORIGENS LUSAS
Fátima de Carvalho-Gianni é filha do comendador Alberto Carvalho, uma figura de proa na já extinta American Foundation for Charities of Portugal, que ensinou as filhas a falarem português, a frequentarem a Escola ‘Fernão de Magalhães’ e a manterem-se activas na vida comunitária. “Fui directora do rancho folclórico de Tarrytown e directora da secção de Juventude”, nota. “Agora sou eu quem leva os meus filhos a Portugal sempre que posso e eles adoram.”
A terminar: “Os meus pais sacrificaram-se muito ao vir para cá para darem uma vida melhor aos filhos e para que nós também o fizéssemos aos nossos filhos. Acho que não seria o que sou se não fosse portuguesa e se não tivesse fé.”