Do vinho à cortiça, empresários chineses apostam em produtos típicos de Portugal

Em Pequim ou Xangai, do vinho da Madeira à cortiça, pequenos e médios empresários chineses estão a apostar em produtos típicos portugueses, atestando a crescente sofisticação e cosmopolitismo da emergente classe média urbana da China.

No complexo de torres envidraçadas Chaowai SOHO, situado no distrito financeiro da capital chinesa, a recentemente inaugurada Madeira Home (“Casa da Madeira”, em português), ostenta milhares de garrafas de vinho da Madeira, algumas datadas de finais do século XIX.

“Estávamos em busca de algo perdurável e que pudesse até ser herdado pela próxima geração“, explica à agência Lusa a dona do estabelecimento, Zhang Ruoxi. Zhang, que gere há dez anos anos, em conjunto com o pai, uma empresa de importação de vinho, tinha “dificuldade” em promover produtos devido às suas “características homogéneas”, com “sabores e vinícolas com identidades semelhantes”.

No vinho Madeira, porém, encontrou a “exclusividade” de um “sabor e legado únicos”: a “longevidade” da produção vinícola, com garrafas armazenadas há mais de cem anos, aliada ao espírito de “aventura e exploração” da Era dosDescobrimentos portugueses.

“O vinho passa de geração em geração: tem um carácter familiar”, explica. “Isso é algo que valorizamos muito”. Retratos de navegadores portugueses, incluindo Vasco da Gama e João Gonçalves Zarco, o primeiro administrador do arquipélago da Madeira, e painéis de azulejos importados de Portugal, atribuem genuinidade ao estabelecimento.

Embora apenas cerca de 3% da população chinesa beba regularmente vinho, a China é já o quinto maior mercado do mundo, devido à sua dimensão populacional – 1,4 mil milhões de habitantes.