MINEOLA, NY QUER APANHAR O COMBOIO DO FUTURO E APOSTA EM GRANDE NA MELHORIA DE VIDA DOS SEUS MORADORES

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

A vila nova-iorquina de Mineola, na região de Long Island, passa pelas maiores transformações dos últimos 50 anos. Para além do projecto de ampliação da linha férrea, que dotará a localidade de uma nova e moderna estação de comboios, são muitas as obras em curso. Podem parecer disruptivas à vida dos moradores agora, mas, a médio prazo, representam significativas melhorias.

“O projecto de ampliação da linha ferroviária de Long Island já vem de há muitos anos. Aliás, foram muitas as tentativas a nível do poder federal para que fosse avante, mas, tal como está a ser executado, é obra da antiga administração do governador Andrew Cuomo, que quis investir no melhoramento das infra-estruturas do estado de Nova Iorque”, afirma o português Paulo Pereira, vice-‘mayo’ de Mineola, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO.

A chamada terceira linha do sistema LIRR (Long Island Rail Road), a ser construída, consiste em 9 milhas entre Floral Park e Hicksville, “como forma de se descongestionar o movimento de passageiros em Long Island, uma das zonas com maior densidade populacional em Nova Iorque”, explica o autarca. O projecto, que deverá estar terminado em meados de 2022, arrancou na zona mais a leste da ilha “e Mineola vai ser a última vila afectada pelas obras, das nove por onde passará a linha.”

🌐ESTAÇÃO NOVA E ELIMINAÇÃO DE PASSAGENS DE NÍVEL

A segunda fase do projecto incluirá a reconstrução da estação de Mineola e a eliminação das passagens de nível, “sempre perigosas, que causam muitos desastres”, nota o vice-‘mayor’. “Mineola tinha quatro dessas passagens, para cruzamento de veículos sobre as linhas férreas; duas já eram subterrâneas, a da Herricks Road e a da Roslyn Road. Das duas que restavam ao nível do solo, a da Willis Avenue está agora em obras (passará também por baixo das linhas férreas) e a da Main Street, por ser a menos movimentada, e por contenção de gastos, foi eliminada.”

A estação de Mineola “está a ser completamente renovada e modernizada; terá plataformas cobertas, três pontes pedonais para circulação de passageiros com elevadores para ambos os lados e climatizadas, incluindo sistemas de vigilância”, pormenoriza o autarca.

As zonas abrangidas pelo projecto – “e há que ver que se trata de anos de construção, ruído, poeira, mas que, depois, ao final, trará muitos benefícios” – foram aliciadas pelas entidades de transportes, nomeadamente a já citada LIRR e a MTA (Metropolitan Transit Authority), a aceitar incentivos. No caso de Mineola, a construção de um parque de estacionamento junto ao NYU Winthrop, com 500 espaços para veículos, sem encargos para o erário publico local “e que será gerido por nós, ou seja, é mais um rendimento que entra nos nossos cofres que não custou nada ao contribuinte.”

🌐REVITALIZAÇÃO DA BAIXA

O vice-‘mayor’ Paulo Pereira lembra ainda que “o nosso plano-mestre de revitalização da baixa de Mineola continua em prática, nomeadamente instituindo a uniformização das fachadas dos estabelecimentos por forma a uma harmonia estética. Quando estiver tudo finalizado”, antevê, “a baixa da vila voltará novamente a assumir o seu papel de destino para compras, passeio, idas a restaurantes, etc.”.

Mineola também não escapa ao boom da oferta no sector da habitação. De 2016 a esta parte, passou a ter mais mil apartamentos para aluguer, atraindo novos habitantes. “São pessoas que passam a viver aqui, a consumir aqui, a pagar renda e impostos em Mineola”, sublinha.

A nível municipal, à parte os projectos que subsistem de fundos federais, Mineola também está a apostar na renovação das suas infra-estrutura. “Estamos a falar de uma vila com 115 anos e muitas dessas infra-estruturas têm precisamente um século e urgem ser actualizadas até por questões de segurança pública”, lembra o autarca português. Daí a construção, por exemplo, do novo quartel de bombeiros, que irá obedecer a todas as regras de segurança dos padrões actuais “e que se espera venha a durar outros cem anos.” Vai custar, adianta, de 15 a 18 milhões.

🌐OBRAS & IMPOSTOS PREDIAIS

Mineola está ainda a investir “dezenas de milhões de dólares” no melhoramento da sua rede de tratamento de água potável, “que é mesmo das maiores responsabilidades que nós, autarcas, temos em mãos. São 7 estações de tratamento onde a qualidade da água que nos chega a casa é testada semanalmente.”

O vice-‘mayor’ refere que, apesar de toda esta dinâmica, o conselho municipal mantém-se “fiscalmente responsável por forma a manter os impostos o mais baixo possível. E, ao longo dos tempos, temos conseguido isso.”

O facto da vila dispor de um orçamento anual de apenas 22 milhões, obriga a que, para muitas das suas obras municipais, tenha de recorrer a empréstimo “que são negociados com as entidades financeiras e que pouco afectam os impostos dos moradores; empréstimos que, graças à notificação (rating) AA de que Mineola goza, vamos pagando com juros baixos.”

O autarca recorda que Mineola não subia há 3 anos os seus impostos prediais e que só o fez recentemente devido à situação causada pela pandemia, que resultou na não-entrada de riqueza nos cofres da vila, “tendo sido necessário equilibrar o orçamento para podermos continuar  proporcionar os serviços públicos indispensáveis.”

O aumento foi de 1,1%, “o que é muito razoável. Nos últimos 5 anos, esses aumentos não chegaram aos 3%, o que contrasta para melhor com o resto do condado e até mesmo do estado. E porquê? “Porque, com o boom de construção de complexos habitacionais em Mineola, a entrada de capital permitiu-nos ir contrabalançando tudo isso.”

O autarca afirma assim, categoricamente, “que nada do que se está a fazer na vila irá afectar de forma significante os impostos prediais.”