Amazónia em risco

As alterações climáticas e a desflorestação estão empurrando a Floresta Amazónica para um ponto sem retorno, caminho que pode transformar a maior floresta tropical do planeta numa savana, alerta uma investigação científica publicada na revista Nature Climate Change.

Para chegar a esta descoberta alarmante os investigadores analisaram 25 anos de dados de satélite para avaliar a resiliência da floresta amazónica a traumas como incêndios ou secas.

Com base em dados entre 1991 e 2016, os investigadores concluem que quase três quartos da massa florestal da Amazónia, que desempenha um papel crucial na regulação do clima do planeta, perdeu sua capacidade de se regenerar diante de alterações do ecossistema.

Uma análise de imagens de satélite de alta resolução sugere que as áreas mais próximas da actividade humana, como espaços urbanos ou terrenos agrícolas, bem como áreas que recebem menos chuva na selva, tendem a perder mais rapidamente a resistência a estas mudanças.

Os cientistas descrevem esse processo como uma interacção entre períodos de seca crescente, falta de renovação das plantas e aumento de grandes incêndios florestais, factores que reduziriam cada vez mais a massa verde da área.

A precipitação média na Amazónia não variou muito nos últimos anos, apesar das mudanças climáticas, mas as estações secas agora são mais longas e mais severas, aumentando a pressão sobre os ecossistemas.

Na Amazónia brasileira, o desmatamento atingiu níveis recordes desde que o Presidente Jair Bolsonaro chegou ao poder em 2019.

A transformação em savana da bacia amazónica teria, portanto, enormes consequências, tanto regional quanto globalmente.

“Muitos pesquisadores teorizaram um ponto de inflexão (…) Nosso estudo fornece evidências empíricas vitais de que estamos nos aproximando desse limite”, analisou Niklas Boers, professor do Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK) e coautor do estudo.