Estados Unidos a negociar com a Venezuela
Joe Biden sofre cada vez mais pressão para retirar sanções e encetar negociações com o regime liderado por Nicolás Maduro, depois de o presidente da Venezuela ter libertado dois prisioneiros americanos.
Este é um acontecimento que sucede ao embargo ao petróleo russo após a invasão da Ucrânia.
O presidente norte-americano ainda não se pronunciou sobre o sucedido, mas Nicolás Maduro não deixou passar a situação em claro, falando em protocolos prontamente seguidos.
Nos últimos cinco anos, a relação entre as duas nações tem sido de conflicto, com os Estados Unidos a tentarem remover Maduro do poder mas sem sucesso.
Há duas semanas, Vladimir Putin ordenou uma acção militar na Ucrânia, que ainda hoje dura. A ordem mundial mudou e os Estados Unidos tiveram de mudar a sua posição no que diz respeito às suas prioridades de segurança.
Com um embargo aplicado aos productos petrolíferos da Rússia, a Venezuela e o Irão parecem ser dois países beneficiados por esta situação, com Joe Biden a tentar negociar para mitigar impactos da inflação na economia norte-americana. A médio prazo, negociar com a Venezuela pode ter esse tipo de efeito, mesmo que psicológico, já que as mercadorias podem demorar a chegar aos Estados Unidos e causar escassez com impacto inflaccionista.
Apesar de o regime venezuelano mostrar abertura para negociar com os Estados Unidos, devido às duras sanções impostas por Washington, a Venezuela não parece preparada para deixar a amizade que a liga à Rússia, um país que considera aliado.
Delcy Rodríguez, vice-presidente da Venezuela, encontrou-se com Sergey Lavrov na Turquia, de acordo com uma fotografia publicada pela embaixada russa em Caracas. No entanto, o conteúdo da conversa não foi divulgado.
Apesar desta proximidade, os Estados Unidos viram-se agora para a Venezuela.
“Claramente foi feita uma decisão de abandonar alguns dos pilares que regem a política dos Estados Unidos para com a Venezuela nestes últimos anos. No entanto, até percebermos o que a administração quer alcançar, será difícil avaliar esta situação”, afirmou Brian Winter, vice-presidente do Conselho das Américas.
Apesar das conversações, ainda não houve qualquer reacção da parte americana.
Esta foi a primeira visita de um alto funcionário americano à Venezuela desde que Hugo Chávez está no poder, numa oportunidade para discutir políticas com Maduro. A secretária de imprensa da Casa Branca falou em progresso mas pouco adiantou sobre as conversações.
“Há um vasto leque de assuntos que estão a avançar mas agora o que queremos é celebrar o regresso de dois americanos”, disse Jen Psaki.
Alguns legisladores nos Estados Unidos aplaudem a decisão de Biden, de tentar falar com Maduro, como é o caso de Gregory Meeks.
“As sanções contra o petróleo da era Trump apenas aprofundaram o sofrimento do povo venezuelano e falharam em enfraquecer o poder de Maduro no país”.
Não se sabe o que vai acontecer mas muito se especula.
Um dos rumores que circulam é de que os Estados Unidos estão a pensar em reabrir a sua embaixada em Caracas, fechada pela administração Trump.
Apesar de sinais de fumo branco, a verdade é que os americanos estão também receosos, pois não sabem até que ponto Nicolás Maduro está disposto a deixar cair a amizade com Vladimir Putin.
Maduro falou na semana passada com o presidente russo por telefone para mostrar solidariedade e até chegou a ir a uma manifestação em Caracas em que o embaixador russo foi recebido com uma ovação.
A oposição já critica Biden pela decisão de retirar sanções à Venezuela, lembrando que a política multilateral do país tinha como objectivo isolar Maduro.