COM 56 ANOS DE AMÉRICA E 80 DE VIDA, ISABEL COSTA AINDA TRABALHA A PENSAR NO PRÓXIMO

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO | News Editor

Aos 80 anos, a activista social e empresária Isabel Costa continua a fazer aquilo que lhe dá mais prazer e lhe preenche a alma: ajudar o próximo. Autêntico ícone comunitário no Ironbound, não há dia em que não acorde disposta a provar – a si própria e aos que a rodeiam – que, fazer o bem em prol dos outros, continua a valer a pena.

Foto: Jornal LUSO-AMERICANO | Mulher de muitas causas e batalhas de justiça social (sobretudo na área da saúde), Isabel da Trindade Ferreira de Medeiros nasceu na cidade de Ponta Delgada, ilha de São Miguel (Açores)

“É tendo compaixão que conseguimos ajudar as pessoas”, garante a proprietária da Casa Costa, na Elm Street de Newark, provavelmente a ervanária mais antiga do Ironbound em funcionamento ininterrupto, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO.

Mulher de muitas causas e batalhas de justiça social (sobretudo na área da saúde), Isabel da Trindade Ferreira de Medeiros nasceu na cidade de Ponta Delgada, ilha de São Miguel (Açores). Veio para a América há mais de cinco décadas; a Casa Costa começa por ocupar um espaço na Bruen Street, “mas, seis meses, depois mudámos para onde ainda hoje estamos.”

Foto: Jornal LUSO-AMERICANO | A Casa Costa abre todos os dias da semana, excepto às terças, quintas e domingos, e envia encomendas pelo correio

Foi atrás do balcão da ervanária, entre a venda de produtos e os constantes pedidos de ajuda, que aprendeu a ser mais para os outros do que para ela própria. “As pessoas procuram-me não apenas para se aconselharem sobre que vitaminas ou medicamentos naturais devem tomar, mas também à procura de um médico que as veja”, conta, revelando que cerca de 40% das pessoas que vão até si a solicitar ajuda, não tem seguro de saúde.

Foto: Jornal LUSO-AMERICANO | Com o bispo Nicholas DiMarzio

“Os meus clientes são os melhores do mundo, venham de onde vierem”, sublinha. “São como uma família e tratam-me muitíssimo bem. Bem demais e, às vezes, até me fazem chorar. Dizem que rezam por mim e pedem-me para que não feche a Casa Costa.”

À parte uma imensa variedade de produtos naturais e vitaminas orgânicas, a ervanária vende produtos de medicina oriental, naturopatia ou de homeopatia. “Estou constantemente à procura de produtos novos com eficácia garantida”, diz.

A clientela portuguesa surge-lhe de todo o lado: Newark, Harrison, Kearny, Elizabeth, da zona costeira a sul de New Jersey, até de Massachusetts. “E voltam porque têm confiança em mim. Se é alguém com poucos recursos e não pode pagar, sempre faço um desconto; se procuram um médico porque, à falta de seguro, ninguém os vê, viro mundos e fundos para o conseguir.”

Foto: Jornal LUSO-AMERICANO | Durante anos foi defensora acérrima da necessidade de um hospital no Ironbound, razão por que lutou com unhas e dentes pelo St. James, que, apesar de tudo, acabou por encerrar

Faz questão de dizer a quem a procura, com a pitada de humor que não lhe falta, não ser “nem bruxa nem médica.” Por vezes, contudo, para quem chega a ser o único recurso, opera pequenos milagres… “Aconselho sempre a que vejam um médico.”

Os seus dias (que certamente têm mais de 24 horas…) são preenchidos ainda em parceria com o Saint Barnabas Hospital, em Livingston, onde é elemento de ligação à comunidade. “O Saint Barnabas é o amor da minha vida, um grande hospital onde tenho aprendido muito – para além de me deixarem fazer aquilo de que mais gosto, ajudar quem precisa”, garante. “O tratamento que dão aos funcionários e doentes é fantástico! Os médicos são altamente profissionais e têm compaixão.”

Foto: Jornal LUSO-AMERICANO | Isabel Costa cumprimenta o ex-Governador Jim Florio, vendo-se ainda o xerife Armando Fontoura e o filho John Costa

Também colabora com o Clara Maass Medical Center, do grupo RWJ Barnabas Health.

Muito embora dê assistência a pacientes de todos os grupos étnicos, Isabel Costa está ciente de que cada um deles “tem características próprias, impostas por razões de índole cultural, e exigem tipos diferentes de acompanhamento. Na comunidade lusa, por exemplo, os cancros estomacais e intestinais são mais frequentes, frisa.

Durante anos foi defensora acérrima da necessidade de um hospital no Ironbound, razão por que lutou com unhas e dentes pelo St. James, que, apesar de tudo, acabou por encerrar.

O que a faz remar contra marés e obstáculos, “é a fé. Posso perder tudo, menos a minha fé. Sou devota do Senhor Santo Cristo dos Milagres, de N.ª Sr.ª de Fátima e do Santo António, que fazem milagres todos os dias. A minha fé é a minha arma: quando tenho um problema, peço a Deus e aos meus santinhos para me ajudarem e eles ajudam.”

Foto: Jornal LUSO-AMERICANO

A Casa Costa abre todos os dias da semana, excepto às terças, quintas e domingos, e envia encomendas pelo correio. “Não sei estar doente, é um defeito meu. Posso estar numa cama de hospital, se me ligam a pedir ajuda, eu ajudo. As possibilidades de se ajudar alguém nunca se esgotam, basta haver vontade.”

⤻CASA COSTA

Onda fica?

147 Elm Street

Newark, NJ 07105

☎️(973) 465-1342