MICHAEL SILVA: Candidato a vereador pelo Bairro Leste de Newark
“Sempre me ensinaram a estar agradecido pelo facto de ter nascido nos EUA e a ter orgulho das minhas origens portuguesas”
Por HENRIQUE MANO | News Editor
“Sempre me ensinaram a estar agradecido pelo facto de ter nascido nos EUA e a ter orgulho das minhas origens portuguesas.” É assim que Michael Silva se refere aos pais, Alfredo e Maria Silva, que, em 1946, trocaram o município da Murtosa, distrito de Aveiro, pela vida no Ironbound. “Levavam-me de férias a Portugal todos os verões, desde os meus 2 anos, para que soubesse de onde tínhamos vindo.”
O candidato a vereador procura passar a tradição para o filho Aiden, 14, e fechar um ciclo que o liga profundamente a dois universos: a Murtosa e o Bairro Leste, onde o pai foi um dos fundadores do Sport Marítimo Murtoense, da Clover St., e a mãe “uma mulher de fé impressionante”. O ex-polícia foi escoteiro, presidente do Grupo de Juventude da I.N.S.F. e praticante de beisebol e futebol nas ligas locais.
Fez os estudos primários e secundários em escolas católicas na cidade e passou depois pelo Union County College e New Jersey City College, optando então pela carreira policial – a que dedicou 28 anos, primeiro no Essex County Sheriff’s Office e, posteriormente, na polícia de Newark, onde esteve um quarto de século, muito dele como detective de ligação à comunidade, na 3.ª Esquadra.
“É exactamente por isso que concorro a este cargo”, explica. “Participei em centenas de reuniões comunitárias, trabalhei de perto com líderes locais e moradores. Creio, humildemente, saber por que razão muitos dos problemas que afectam o bairro continuam por resolver.”
Considera estes os grandes pontos a exigir atenção: impostos prediais (“pagamos os impostos mais altos e, no que toca a serviços municipais, parece que somos cidadãos de 2.ª”); criminalidade (“é simples: não temos agentes que cheguem”); limpeza das ruas (“o menos eficaz dos serviços municipais que nos é reservado”); habitação (“precisamos de soluções permanentes para os sem-tecto”); infra-estruturas (“inundações e escassez de estacionamento, há que fazer algo e depressa”) e meio-ambiente (“sobrevivi a um cancro e preocupa-me o impacto no Bairro Leste do porto, aeroporto, trânsito, incinerador, centro de tratamento de esgotos e zona industrial”).
Em relação ao IBID, considera que se deve “melhorar a sua eficácia por forma a dar melhores condições aos nossos comerciantes. A ajuda na limpeza das ruas é o benefício mais visível que nos chega, agora, do IBID, mas mais deve ser feito para justificar a utilização de meios extraídos dos impostos.” Sugere programas semelhantes aos existentes em New Brunswick e Red Bank “para a criação, por exemplo, de áreas municipais para estacionamento.”
Quanto ao Dia de Portugal, diz querer voltar aos seus “dias de glória”, quando era gerido pela Fundação Bernardino Coutinho, reconhecendo a sua importância para o bairro. Discorda com a imposição do ‘City Hall’ no tocante ao pagamento da segurança e limpeza durante as festividades e nota: “Há muitas parcerias por fazer.”
Promete, se eleito, desenvolver uma relação de trabalho positiva com o ‘mayor’ – “é a única maneira de se conseguir algo. Podemos não estar de acordo em tudo, mas não deixarei de negociar até conseguir aquilo de que o Bairro Leste necessita.” E avisa: “Apesar de apoiar a sua reeleição, sou visceralmente independente.”
A terminar, é claro: “Acredito em limitação de mandatos. Dois no máximo.”