O médico português que estudou na NASA e ajuda refugiados na Ásia
Pedro Caetano foi um dos primeiros portugueses a estudar medicina aeroespacial na NASA. Agora, está num campo de refugiados da Tailândia.
Em 27 anos de vida, Pedro Caetano já tirou um curso de medicina, estudou na NASA e viajou para a Ásia onde faz trabalho humanitário num campo de refugiados na fronteira entre a Tailândia e Myanmar (antiga Birmânia).
Pedro Caetano foi um dos primeiros portugueses a fazer um curso de iniciação à medicina aeroespacial na NASA. Agora, dedica o seu tempo a fazer trabalho humanitário na área da medicina tropical.
Ser médico não era um sonho antigo. Quando teve de escolher um curso superior, não pensou imediatamente em medicina, contou à Renascença, ao telefone. Mas concorreu e entrou. Ao longo dos anos foi-se interessando pela área da investigação, sobretudo em medicina tropical e humanitária.
Em 2010, frequentou uma pós-graduação em medicina tropical e foi durante esse tempo que teve contacto com a medicina aeronáutica.
“Fiquei mais interessado e fui tentar ver o que podia fazer nessa área. Entretanto, consegui saber desse curso dos Estados Unidos, da NASA, e concorri. Não tendo grandes expectativas de ser escolhido, porque nunca fiz nada relacionado [com medicina aeronáutica], acabei por entrar”, conta.
Rumo ao Oriente
A oportunidade implicava trabalhar e terminar a especialidade nos Estados Unidos. Por isso, voltou à Europa para terminar os estudos. Mas rapidamente, “sem saber muito bem o que ia fazer”, saltaria para novas latitudes: a fronteira entre a Tailândia e Myanmar.
Na Tailândia, onde está desde Outubro, conseguiu explorar as áreas pelas quais se tinha apaixonado na faculdade: a medicina tropical e o trabalho humanitário. Presta apoio médico no campo de Mae La, onde estão 50 mil refugiados, no âmbito de um programa da SMRU Oxford, que investiga doenças tropicais.
“Estou numa vila a uma hora de distância do campo e vou todos os dias de manhã para lá. Dou apoio médico sobretudo a crianças e grávidas. Mas damos todo o tipo de apoio a pessoas que chegam no próprio dia com sintomas de doenças tropicais como a malária, dengue, febre tifóide, ou então com um corte numa perna, uma alergia, vemos tudo”, conta.
Alargar horizontes
“Continuo a gostar de investigação e tenciono seguir essa área, mas comecei a aproximar-me de outras áreas que preferi durante o curso e nos últimos anos. Tem mais a ver com prazer pessoal e realização pessoal”, diz.
Para Pedro Caetano, a experiência asiática é um “alargar de horizontes” e uma “abertura de espírito”. “É muito diferente trabalhar num curso de medicina aeroespacial num sítio como a NASA, com as condições incríveis que aquilo tem, e depois vir para aqui para condições quase desumanas”.
“Permite-nos ter uma visão um bocadinho diferente do que é o mundo real e não do que acontece na Europa e nos Estados Unidos.”
Até ao fim do ano, Pedro vai fazer trabalho humanitário na Ásia. Depois, tenciona voltar para Portugal para terminar o internato em Gaia e dedicar-se à conjugação das três áreas de que mais gosta: medicina tropical, aeronáutica e investigação.
Só não começa já, sorri, porque não tem “tempo para tudo”.