CICLISTAS PORTUGUESAS DE NEW JERSEY VÃO PEDALAR 650 MILHAS DO ‘EMPIRE STATE TRAIL’ (TUDO POR UMA BOA CAUSA)
Por HENRIQUE MANO | News Editor
Voltam à estrada, e a pedalar, as ciclistas portuguesas Isabelle Ferreira e Marianne Vieira, de New Jersey. Cerca de um ano depois de terem feito o trajecto Paris-Fátima, tal como o jornal LUSO-AMERICANO à altura noticiou, agora preparam-se para nova aventura, desta feita perfazendo 650 milhas do chamado ‘Empire State Trail’ [https://empiretrail.ny.gov], entre a zona das Quedas de Niagara, no estado de Nova Iorque, junto à fronteira canadiana, e o bairro de Battery Park, na baixa de Manhattan; chegadas aí, apanham um ferry de ligação a Long Branch (o que deverá acontecer dia 7 de Julho).
A informação foi avançada em primeira mão ao jornal LUSO-AMERICANO pela dupla de ciclistas amadoras, que, nesta nova aventura, contarão com três outras entusiastas deste meio de transporte de duas rodas: Jennifer Souza, Kate Santos (que veio de Portugal para se juntar ao grupo) e Gina Grieco.
O ‘Empire State Trail’ foi criado em 2017 pelo então governador Andrew Cuomo para promover actividades ao ar livre e incentivar um estilo de vida mais saudável, ao mesmo tempo que se promove o turismo local. O trilho passa por zonas rurais e urbanas, incluindo Manhattan, o vale do rio Hudson, a zona do canal de Erie e a região de Adirondacks.
“Eu e a Marianne, com quem treino há vários anos, havíamos já decidido fazer esta viagem”, conta Isabelle Ferreira, 54, em entrevista ao LUSO-AMERICANO. “Só que, entretanto, descobrimos que a iniciativa também poderia ter uma finalidade para o bem do planeta.”
🌐PREOCUPAÇÕES AMBIENTAIS
As ciclistas querem, agora, chamar a atenção para a preservação e manutenção de um parque público da cidade de Long Branch, onde vivem – o Jackson Woods Park, juntando-se ao grupo Friends of Jackson Woods Park “na tarefa do despertar da consciência pública para a importância dos espaços verdes tanto na nossa cidade, como no restante condado Monmouth.”
Foi ao passear o cão que Ferreira conheceu uma voluntária envolvida na preservação do parque, “que me falou da necessidade urgente de uma intervenção pública para o salvar, dado o abandono a que estava votado.” A luso-francesa, que nasceu nos arredores de Paris, filha de emigrantes de São Mamede-Fátima, desde os 10 anos na América, arregaçou as mangas e atirou-se ao trabalho: envolveu o Clube Português local, através do seu presidente, Bruno Machado, a mulher deste, Raquel Rosa, que decidiram – “vamos fazer isto! E logo no primeiro dia de limpeza e embelezamento do parque, já éramos 15 voluntários, incluindo alunos da Escola Lusitânia.”
Graças a outros apoios, o grupo depressa transformou a descuidada área verde num local aprazível, com toque português…
🌐CONTRIBUIR PARA UM MUNDO MELHOR
O ciclismo tem servido de terapia a esta professora de francês do ensino médio, tendo mesmo ajudado a ultrapassar o trauma da perda do irmão para uma doença do foro oncológico. “A morte dele encheu-me de raiva”, narra Isabelle Ferreira. “Revoltada com o mundo, peguei em mim, apanhei um comboio e saí em Jacksonville, na Flórida. Resolvi fazer o regresso a casa a pedalar – foram 14 dias de viagem. Chorei e fiz o que tinha de fazer, e fiquei mais calma. No ano seguinte, com a colaboração da Viapal, fiz uma angariação de fundos que rendeu 17 mil dólares.”
Muito embora o Paris-Fátima lhe tenha deixado uma recordação especial (“era a viagem que os meus pais, enquanto emigrantes lá, faziam”), o trajecto maior já percorrido foi mesmo entre Oregon e Long Branch (“4 mil milhas em 63 dias de estrada”).
Mas pedalar é só um meio que Isabelle Ferreira descobriu para colaborar com causas que lhe são próximas. E contribuir para um mundo melhor.