A ENTREVISTA DE CATARINA FILIPE AO ‘LUSO-AMERICANO’

Nasceu em Connecticut. Ganhou notoriedade na redeYoutube.

Mais de meio milhão de pessoas seguem-na no mundo virtual

Quando Catarina Filipe liga o telemóvel, grava um vlog e o publica no Youtube, comunica-se com cerca de 250 mil pessoas. Mas o universo online da influenciadora luso-americana radicada em Lisboa é muito mais abrangente… A youtuber, que nasceu em Waterbury, CT, e viveu um ano e meio em Naugatuck antes de os pais terem regressado a Portugal, é ainda seguida por 180 mil pessoas no Instagram, 16,3 mil no X, 66,4 mil no TikTok e 12 mil no Facebook. A que se juntam outros 52,690 na plataforma Spotify. Filipe agrega, assim, um total de 574 mil seguidores, com visualizações totais no canal do YouTube de quase 37 milhões.

Na sua mais recente passagem pelos EUA, de visita aos tios, Catarina Filipe falou em exclusivo ao jornal LUSO-AMERICANO (“o jornal que os meus pais e avós liam quando estavam na América”, fez questão de sublinhar)“Na verdade, eu sou de Óbidos e Caldas da Rainha”, nota a influenciadora. “Os meus pais emigraram para cá muito novos e ainda aqui fizeram o liceu, depois tiveram-me e decidiram voltar para Portugal. Sinto que o meu cérebro é metade americano, metade português. É que os meus pais levaram muitos dos costumes americanos que eu fui absorvendo”.

Também a perseguiram o espírito yankee de independência e auto-suficiência, que acabaria por colocar Catarina Filipe no caminho da primeira vaga de youtubers em Portugal. “Sempre soube que queria trabalhar para mim própria, sempre tive esta veia empresarial. O meu tio José Júlio Ribeiro, que até foi correspondente do vosso jornal, tinha um negócio de importação e exportação e isso influenciou-me”.

Apanhou o embalo da primeira onda de youtubers que emergiram em Portugal, à altura no 2.º ano do Instituto Superior de Economia e Gestão de Lisboa. “Já então seguia youtubers aqui dos EUA, pois em Portugal ainda não existiam muitos. E pensei: mal por mal, vou tentar começar a fazer aqui uns vídeos, como um hobby, e, quando terminei a faculdade, o mercado de influencers em Portugal já tinha desenvolvido”.

Ao terminar o curso, Catarina Filipe já fazia do seu canal no YouTube uma ocupação a tempo inteiro: “tive sorte de estar naquele grupo que tinha começado naquela altura crucial e consegui começar logo a trabalhar com isto em 2016”.

Como criadora de conteúdos online, Filipe descobriu que a sua ligação aos EUA era uma mais-valia… “Senti que ganhei muita visibilidade quando vinha cá e gravava os vlogs. Esta dinâmica da minha família, de como é que os portugueses cá são, como é o clube português – eu gostava sempre de mostrar isso, a vida dos emigrantes aqui”.

Determinada em vencer também na música, Catarina Filipe fez mesmo questão de vincar as suas raízes luso-americanas nesse caminho. E veio a Nova Iorque para gravar o êxito “Cloud9”.

Com 6 temas já lançados, Catarina Filipe prepara o 1.º álbum lá para o próximo ano…

Cantar por cá num clube português? Catarina Filipe não pensa duas vezes: “façam o convite que eu venho”.

Depois de ter feito do palco digital do Rock in Rio Lisboa o seu primeiro grande passo, a meta, agora, ou ousadia, é “ser a primeira cantora portuguesa a pisar o Palco Mundo”.

As redes sociais também foi onde a influenciadora encontrou conforto para fazer o luto da morte do pai, em 2021, que o cancro levou em pouco tempo no dia de Natal. “Era muito especial, tinha de ser assim num dia marcante. Dentro da bolha que eu sigo, não ouvia falar muito de luto e achei importante partilhar essa minha experiência. O cancro é uma doença que toca a muitas famílias e queria também ser um bocadinho um colo para outras pessoas que pudessem estar a passar pela mesma situação”.

É com a sua história pessoal de emigração que Catarina Filipe termina: “toda a minha família mudou-se para aqui numa situação não muito fácil em Portugal. Portanto, para mim, é um grande orgulho neste momento ter a vida que tenho e poder proporcionar isso à minha família”.

Aos leitores do LA, deixa “um grande abraço e uma mensagem de força a todas as pessoas que sentem saudades de casa. Eu percebo isso porque, quando estou em Portugal, sinto falta dos EUA e quando estou cá, sinto falta de Portugal. Portanto, entendo perfeitamente essa sensação de emigrante e nunca vou deixar de ser emigrante”.