A história do Barão da droga português a ser julgado em Lisboa
Preso em três países já foi condenado à pena máxima e depois ilibado. Está a ser julgado, agora, em Lisboa, pelo crime de tráfico agravado de estupefacientes.
O julgamento daquele que é considerado pela Polícia Judiciária como o maior traficante de droga de Portugal, Franklim Lobo, começou no Tribunal de Lisboa.
Franklim Lobo, 65 anos, está acusado pelo Ministério Público de crimes de tráfico agravado de estupefacientes. O julgamento era para ter começado em Novembro, mas um surto de covid-19 na cadeia onde o “barão da droga português” aguarda em prisão preventiva levou ao adiamento da sessão.
Preso preventivamente desde 2019, quando foi detido pela última vez, Franklim Lobo tem um longo historial de problemas com a justiça, desde os anos 80 do século passado, quando começa a dar os primeiros passos no crime.
Seguir-se-ão mais de três décadas de um jogo de gato e de rato com detenções, condenações e fugas daquele que foi considerado o barão da droga português.
No início foi a usura, a usurpação de coisa alheia e a viciação de veículos. Mas em 1986 já viria a ser detido por um assalto à mão armada.
Em 1991, foi condenado a 15 anos de prisão mas apenas cumpriria parte da pena. Ainda antes de entrar do alto tráfico, terá falsificado cartões de crédito e passado moeda contrafeita.
Em 1999, após ser detido por tráfico de droga, oferece ajuda às autoridades. Enquanto esperava por um suposto carregamento de duas toneladas de cocaína que ia “dar” à polícia, consegue escapar pela janela do hotel onde estava a ser guardado. A fuga foi baptizada de “Pulo do Lobo”.
Em 2000, à revelia, é condenado à pena máxima – 25 anos de prisão – por tráfico de droga e associação criminosa. Quatro anos mais tarde viria a ser capturado em Fuengirola, no Sul de Espanha. Interpõe um “habeas corpus” e, graças a um erro processual, é libertado e é ordenada a repetição do julgamento.
Franklim aproveita a oportunidade para fugir novamente mas a fuga não durou muito. Em Janeiro de 2005 é detido no Brasil. No ano seguinte viria a ser extraditado em segredo e sob fortes medidas de segurança.
Em 2007, na repetição do julgamento não foram validadas as escutas que antes o tinham condenado e os testemunhos foram considerados frágeis para obter uma condenação. Foi ilibado.
No ano seguinte viria a ser absolvido do crime de branqueamento de capitais num processo ligado ao que o tinha condenado à pena máxima. Em 2009 foi novamente detido por suspeita de ter feito uma entrega de 19 quilos de haxixe mas nunca chegou a ser condenado.
Durante quase uma década passou à margem da justiça até que, no ano passado, viria novamente para a ribalta com a Operação Aquiles. Foi por causa deste processo que foi detido em Málaga, no Sul de Espanha e que começou a ser julgado em Lisboa.