ANA PAULA ESTEVES É A 1.ª MULHER NASCIDA EM PORTUGAL NO TRIBUNAL SUPERIOR DE NEW JERSEY
Por HENRIQUE MANO | Newark, NJ
A advogada de formação Ana Paula Esteves presta juramento e assume funções dia 21 de Dezembro como juíza do Tribunal Superior de New Jersey, afecta à jurisdição do condado de Essex e colocada em Newark. A sua elevação àquela instância jurídica tem carácter histórico, marcando a primeira vez que uma mulher nascida em Portugal chega ao Tribunal Superior de New Jersey.
Ana Paula Esteves é natural da Murtosa, distrito de Aveiro, tendo emigrado com tenra idade para Newark, tendo ainda costela paterna em Veiros.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A juíza Ana Paula Esteves em frente ao Tribunal de Newark, na jurisdição do condado de Essex, onde vai exercer
Indicada há meses pelo Governador Phil Murphy, a sua nomeação passara já pelo Comité de Justiça do Senado em Trenton e, esta segunda-feira, acabou por ser aprovada por todos os membros da câmara alta da Assembleia Legislativa do ‘Estado Jardim’.
Esteves acumulou experiência enquanto juíza municipal em Newark na área da violência doméstica e disse ao jornal LUSO-AMERICANO ser essa a sua preferência igualmente nesta nova fase de carreira.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Fachada do Tribunal de Newark, NJ onde a juíza Ana Paula Esteves vai exercer a partir de 22 de Dezembro
“A minha mãe, que infelizmente já perdi, foi parte importante de todo o meu processo de crescimento e tenho a certeza de que teria muito orgulho se tivesse presenciado esta minha elevação a juíza a nível estadual”, afirma Ana Paula Esteves, que é portadora de uma história de superação.
De famílias humildes oriundas da Murtosa (“os meus pais vieram para a América à procura de uma vida melhor”), Ana Paula Esteves fez os estudos primários no Ironbound, depressa se mostrando uma aluna exemplar; após o início do trajecto académico superior na Rutgers, é com uma bolsa de estudos que tira Direito pela conceituada NY Law School.
De regresso a Newark, passa pelos escritórios federais da Homeland Security, chega a advogada da administração do ‘mayor’ Sharpe James e a procuradora de justiça.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Alguns dos diplomas no seu gabinete de trabalho no Ironbound
“Após ter tido as minhas filhas gémeas, resolvi apostar na vertente privada e abri um consultório próprio em Newark”, conta, que manteve de 2006 a 2017, altura em que o ‘mayor’ Ras J. Baraka a vai buscar para juíza municipal.
“A nossa função, como juízes, é de suma importância porque nos cabe assegurar que todas as pessoas que passem pelo nosso sistema judicial tenham os seus direitos preservados”, explica Ana Paula Esteves.
A juíza reconhece que abraçou uma carreira de risco, risco que se diz “disposta a assumir”.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Natural da Murtosa, a juíza tem profundas ligações ao Ironbound
O ter sempre falado português em casa, e o facto de ter feito a escolaridade na língua materna no sistema americano, fez-lhe ver a importância de se ser bilingue – “o que, aliás, também transmiti às minhas filhas. Trata-se de não esquecermos quem somos e de onde viemos”.
Na sua óptica, “não há nada que não se consiga, desde que se tenha paixão e força de vontade. Com essa determinação, não há nenhum obstáculo que não se possa superar. Eu sou a prova disso”.
A juíza, que olha com admiração para Sandra Day O’Connor, reconhece: “Eu, por exemplo, queria simplesmente ser advogada e veja-se onde cheguei. É muito mais do que esperava…”.