António Guterres lamenta que “ordem constitucional” não seja restabelecida no Níger pós-golpe de Estado
O secretário-geral das Nações Unidas lamentou que a “ordem constitucional” ainda não tenha sido restabelecida no Níger pós-golpe de Estado, manifestando “total apoio” ao trabalho da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). António Guterres referiu ainda que está preocupado com a detenção do presidente deposto do Níger, Mohamed Bazoum, na sequência do golpe militar.
Através do seu gabinete, Guterres sublinhou também a necessidade urgente de continuar a ser desenvolvido o trabalho humanitário no Níger, solicitando à ONU que seja mantido o envio de ajuda por via aérea.
A delegação da CE- DEAO que chegou a Niamey na quinta-feira (3) à noite para encontrar uma saída para a crise partiu algumas horas mais tarde, sem se ter encontrado com o chefe das forças armadas no poder, o general Abdourahamane Tiani, ou com o presidente deposto, Mohamed Bazoum.
Na segunda-feira (7), primeiro dia do termo do ultimato dado pela CEDEAO aos militares no poder para restabelecerem a ordem constitucional, a organização da África Ocidental, que tinha ameaçado recorrer à “força”, anunciou que os seus dirigentes se reunirão em Abuja, na Nigéria, hoje (10), para uma “cimeira extraordinária”.
Por outro lado, os militares golpistas do Níger pediram à delegação da CEDEAO para regressar a Niamey, de acordo com o primeiro-ministro do Níger, Ouhoumoudou Mahamadou, cujo governo foi derrubado.
Mahamadou acrescentou que os seus membros “estarão provavelmente em Niamey”.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, referiu que “ainda é possível” por fim ao golpe de Estado no Níger pela via diplomática.
Miller sublinhou também que o uso da força é uma solução de “último recurso” para a CEDEAO, acrescentando que os EUA estão “focados em encontrar uma solução diplomática”.
Os estadunidenses criticaram ainda o envio de uma delegação oficial conjunta a Niamey pelo Mali e Burkina Faso, dois países também governados por militares.
“Se pensássemos que eles estavam a enviar emissários para tentar restaurar as autoridades democráticas e a ordem constitucional, veríamos isso como algo útil, mas duvido muito que seja o caso”, apontou Miller.