Aos 25 anos, Marina Zurita escreve e encena peças de teatro em Nova Iorque

Marina Zurita é uma jovem encenadora natural de São Paulo radicada em Nova Iorque.
Hoje com 25 anos, é formada pela Escola de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP) e em Encenação pela University of North Carolina School of Arts (UNCSA).

Em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO, explicou-nos o seu percurso e o concretizar de uma verdadeira “paixão”. “Mudei-me há quase 7 anos e vim estudar teatro”, conta. Com 18 anos, fez as malas e veio em busca de um sonho, trocando o quente e relaxado São Paulo por uma Nova Iorque fria e corrida, mas foi uma mudança que fez todo o sentido para as suas aspirações profissionais.

Como é que descreveria a sua profissão e quais foram os projectos em que já esteve envolvida?

“Eu trabalho principalmente com desenvolvimento de peças originais. Adoro colaborar com escritores e ajudá-los a desenvolver guiões.” Tem no seu currículo a encenação de peças como: “For The Time Being”, escrita por Ana Moioli e produzida para o NY Theater Festival em 2019, “Moving On” escrita por Ana Marcus Hetch e produzida pelo Soop To Nuts Festival em 2022 e “Saudades”, escrita por Fernando Segall e produzida para o festival Rough Draft em 2023. Trabalha ainda como parceira associativa de outros encenadores, nesse papel já participou em projectos como “Dodi and Diana”, escrito por Kareem Fahmy e produzido pela companhia Coult Coer e “Stella Come Home”, criado e produzido pela companhia de teatro Et Alia.

Para além de adorar trabalhar como encenadora, tem no currículo criações de peças de autoria própria – “Love and Depositions” (criada em colaboração com Mollye Maxner e Acadia Barrengos) e o seu projeto mais recente, “Riven” (criado em colaboração com as artistas Laila Garroni e Josanna Vaz).

Tem algum interesse em fazer algo em cinema ou televisão?

“No momento não tenho interesse em fazer cinema ou televisão. Gosto mesmo de teatro enquanto linguagem artística e meio de comunicação. “Performances” ao vivo, no geral, atraem-me bastante. Gosto da energia comunal e ritualística que uma actuação ao vivo tem. O teatro tem muito impacta em mim. Acho que é um meio artístico muito importante, que nos oferece a oportunidade de presenciar e observar seres humanos – no momento presente – vivendo vidas e narrativas diferentes das nossas.”

Qual é o objectivo? Qual seria o seu “trabalho de sonho”?

“Adoro trabalhar colaborativamente com outros artistas. Já ouvi muito de outros encenadores que [encenar é uma profissão solitária] e eu discordo. Acho que existem processos solitários mas que a profissão em si não precisa ser. Nesse sentido, um dos meus objectivos é continuar construindo a minha rede de colaboradores – pessoas que compreendam e compartilhem da minha estética e curiosidades.”

Presentemente, encontra-se focada na pesquisa acerca do tópico “catadores de material reciclável”, o trabalho de pessoas que recolhem o que outros consideram lixo e o vendem. Segundo a própria, “um ofício conhecido nos Estados Unidos como “waste pickers” – pessoas que recolhem e vendem materiais recicláveis. Catadores constituem uma comunidade global de mais de 20 milhões de pessoas e são a base da indústria de reciclagem no mundo – contribuindo imensamente para a preservação dos nossos recursos naturais.” Explica que, em 2021, teve o prazer de conduzir uma série de entrevistas com catadores em São Paulo, de onde é natural, e “desde então tenho desenvolvido peças ao redor da narrativa de catadores – a peça “Riven” é uma delas”, acrescentou.
Confessou ainda que um dos seus grandes sonhos é que a peça “Riven” seja reproduzida no Brasil, onde a comunidade a possa receber e identificar-se, uma vez que no país existe uma grande comunidade de catadores. Descreve este grupo como “pessoas que vivem numa invisibilidade diária e que merecem ver-se no palco”.

Para a encenadora brasileira Marina Zurita, esta narrativa, a história de pessoas com a profissão de catadores, também merece ser contada e ser protagonista dos grandes palcos de Nova Iorque e do mundo, se assim lhe for possível.

Algum projecto futuro a que os leitores devam estar atentos?

“No momento”, responde a encenadora, “ estou a encenar alguns projectos – os principais sendo “Saudades”, escrito por Fernando Segall, a ser apresentado no final de Junho e a peça “Riven”, a ser apresentada no começo de Maio.” Para mais informações sobre a artista e as datas de espectáculos das suas peças de teatro, é favor consultar o seu portal online em: www.marinazurita.com