APESAR DA PANDEMIA, É TUDO “BUSINESS AS USUAL” NO ‘PORTUGÁLIA MARKETPLACE’
HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO
Há quem diga que a ‘Braga Bridge’ de Fall River seja a maior ponte do mundo – a ligar Massachusetts aos Açores. Uma ida ao ‘Portugália Marketplace’ é a confirmação deste velho adágio…
Para fazer compras no ‘Portugália’, tem de colocar máscara e levar a carteira recheada. Embora tenha a opção de fazer a sua encomenda por telefone ou e-mail e levantá-la no passeio em frente ao emblemático supermercado, não há nada como ir em género de ‘peregrinação’ gastronómica ao interior deste espaço recheado de tudo o que Portugal – continente e ilhas – tem de melhor à mesa e não só.
“Implementamos e cumprimos todas as regras ditadas pelas autoridades”, garante o vice-presidente da empresa familiar, Michael Benevides, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “À parte isso, temos uma empresa especializada que cá vem todas as segundas-feiras fazer uma operação de desinfecção geral e mantemos um funcionário que tem como missão garantir a limpeza diária do edifício.”
🌐ADAPTANDO-SE À ERA DA PANDEMIA
Benevides, 43, nasceu em São Miguel, veio com tenra idade para a América, formou-se em gestão de empresas pela Johnson & Wales University e é agora o rosto do negócio de família que o pai – o emigrante açoriano Fernando Benevides – fundou em 1988. A ‘Portugal Imports’, que os Benevides mantêm operacional mas orientada para o mercado grossista, multiplicar-se-ia há 8 anos com a criação do supermercado, instalado numa antiga fábrica da Bedford Street.
Como a grande maioria dos estabelecimentos que resistiram à COVID, o ‘Portugália’ viu-se na contingência de se adaptar à era da pandemia: o rótulo de essencial permitiu-lhe manter sempre as portas abertas, reduzindo, no início de 2020, o horário de funcionamento – que passou das 8:00am às 6:00pm, para além de ter criado um período de atendimento específico para a terceira idade. O café ‘Ponto de Encontro’ está agora a meia capacidade (chegou a só atender em take-away).
“O grosso da nossa clientela continua a ser portuguesa e de origem, mas, graças à nossa exposição nos meios de comunicação em inglês, também estamos a atrair muitos americanos interessados nos nossos produtos”, afirma Michael Benevides, que colocou em 70% o volume do que é português nas prateleiras do seu supermercado.
🌐APESAR DOS PESARES, 2020 FOI LUCRATIVO
O espaço da Bedford Street é o único a importar ananás dos Açores (as remessas agora chegam de 15 em 15 dias, por imposição dos voos da companhia aérea que os transporta) e tem ainda o exclusivo de marcas de compotas feitas nos Açores e queijadas da Vila, “com muita procura.” No ‘Portugália’ encontra ainda inhames importados do arquipélago e toda uma extensa variedade de artigos, “que vendemos por intermédio de outros importadores.”
Michel Benevides continua a querer servir de montra ao Portugal contemporâneo que acredita ser o seu país de hoje, “em contraste com aquilo que ainda muitas pessoas acham. Esse tem sido o nosso nicho. Quando vou a Portugal, visito tudo para estar a par do que se passa e dos avanços registados – e trazê-los para a América. Estou muito interessado nesse diálogo transatlântico, em mostrar um Portugal avant-garde e inovador, apostado no futuro.”
A loja ‘Artigos’, adjacente ao supermercado, é disso exemplo – expondo os clientes a marcas como os chocolates ‘Equador’, as mobílias ‘Wee Wood’, as louças ‘Casa Cubista’ e outras referências do ‘Made in Portugal’.
Benevides reconhece que a COVID é um pesadelo para os gestores – “todos os dias nos surpreendemos com coisas novas de que ninguém estava à espera. Não há nem tempo para pensar, dada a urgência de termos de nos adaptar constantemente a mudanças.”
O empresário, contudo, diz não se poder queixar de 2020 – “no que ao volume de negócios diz respeito. Registámos altas de vendas e para nós, hoje, é tudo ‘business as usual’. Nem creio que 2021 se venha a comparar, nesse aspecto, ao ano findo.”