ASSOCIAÇÃO LUSO-AMERICANA DE BOMBEIROS DE NEW JERSEY JÁ TEM MAIS DE MEIA CENTENA DE PROFISSIONAIS

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

As marcas da entrega à profissão que abraçou, estão-lhe visíveis na pele. Na mão direita, que teve de ser reconstruída com um enxerto de tecido retirado da perna, e nas sequelas deixadas por queimaduras em algumas zonas da cabeça. É que, aos 29 anos, o luso-descendente John Michael Ferreira já conhece as agruras de uma carreira de risco que não é para todos…

Em Abril de 2020, ao responder a uma ocorrência em Newark do Norte, sofreu as queimaduras de 3.º grau acima descritas, que o obrigaram a meses de fisioterapia e um longo período de recuperação. “Um dos profissionais de saúde que me tratou disse-me que possivelmente não poderia voltar a ser bombeiro”, conta John Ferreira, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “O que ainda me deu mais força para recuperar. Em Janeiro do ano seguinte, estava de volta ao trabalho… E logo nessa mesma noite, tive de combater um incêndio, em plena tempestade de neve.”

Uma vez bombeiro, bombeiro para sempre…

🌐PRODUTO DO IRONBOUND

John Ferreira nasceu no já extinto Hospital Saint James, no coração do Ironbound. A mãe, Ana Paula Ferreira, oriunda da Murtosa; o pai, Pedro Ferreira, natural de Cantanhede. O bombeiro sapador frequentou as escolas públicas de Newark e, a seguir ao Liceu ‘East Side’, alistou-se na Força Aérea, onde se mantém activo, “para servir o meu país”.

Após o teste de admissão ao serviço público em New Jersey, é contratado pelo Newark Fire Department; passa três meses na academia de treino e, em 2017, torna-se bombeiro sapador. Começa afecto ao quartel ‘Engine 28’ em Newark do Norte, passando posteriormente para o ‘Engine 15’, também na mesma área da cidade, onde continua afecto.

“A minha tarefa é deslocar-me ao local das ocorrências, localizar a origem do fogo, extingui-lo e evitar que se alastre”, explica John Ferreira. “No entanto, não intervimos apenas em caso de incêndios, a actividade dos bombeiros é muito mais ampla: somos chamados a acidentes de viação, fugas de gás, casos de asfixia, etc.. Mesmo em situações de polícia, se os serviços médicos se atrasam, nós estamos treinados para dar primeiros socorros.”

🌐PAFA: ORGULHO PORTUGUÊS

Outra tarefa a que se dedica com afinco, é a presidência da Portuguese-American Firefighters Association (PAFA), que, aliás, co-fundou em 2019. “A ideia surgiu de forma muito espontânea, tínhamos um grupo de conversa no telefone entre cadetes portugueses na academia de bombeiros e, quando acabámos a formação, pensámos: ‘por que não oficializar esta rede de contactos, como fazem outros grupos de interesses? Assim nasceu a PAFA.”

Nos tempos livres, ia de quartel em quartel à procura de quem fosse de origem portuguesa; a lista chegou a perto de 60 bombeiros, entre ‘soldados da paz’ no activo e reformados. “À nossa primeira reunião, apareceram 35 pessoas”, conta Ferreira, que, logo de início, assumiu a presidência da nova associação – ficando Louis Leitão vice-presidente, Andrew Caetano secretário, Anthony Gomes tesoureiro e o capitão Frank de Oliveira conselheiro.

“Temos como missão contribuir para a comunidade de onde quase todos os nossos membros vieram, o Ironbound”, afirma John Ferreira, “mas apoiamos uma variedade de causas. Quando foi das enchentes do ano passado, por exemplo, demos um donativo ao Clube Português de Lodi, que tem uma escola de herança. Fazemos um evento anual de angariação de fundos, com a ajuda de patrocinadores, familiares e amigos, e é dessa forma que apoiamos causas solidárias – distribuição de alimentos durante a pandemia, campanhas de recolha de brinquedos no Natal e até um fundo ligado a profissionais da linha da frente  familiares afectados pelo 9/11.”

John Ferreira é casado e pai de uma filha.

⤻Se quiser contactar a PAFA, envie e-mail para: NJPAFA@GMAIL.COM