ATLETISMO: Federação ‘chocada’ com nova polémica entre Évora e Pichardo

A Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) já reagiu a mais recente polémica entre os triplistas Nelson Évora e Pedro Pablo Pichardo, que conheceu um novo capítulo na noite de domingo.

Jorge Vieira, presidente da FPA, diz-se “chocado” com as palavras de Nelson Évora, atleta que afirmou que a naturalização de Pichardo tinha sido comprada.

“A federação não teve sequer uma troca de palavras com o Pedro Pichardo antes de ele estar naturalizado. Não houve qualquer convite da nossa parte, nenhum aliciamento. ‘Compra’ é um termo que me choca. É impossível consentir uma acusação deste género, porque naturalmente não comprámos nenhum atleta, nunca uma naturalização partiu da federação, nunca convidámos nenhum atleta a ser português”, explicou Jorge Vieira, em declarações à ‘Rádio Observador’.

No domingo, numa entrevista à rádio ‘Observador’, no podcast ’40 minutos’, Nélson Évora, primeiro campeão olímpico nacional no triplo salto, disse que a Federação Portuguesa de Atletismo “comprou” um atleta para ter resultados no curto prazo.

“Não temos um atleta júnior que salte 16 metros. Que possamos dizer que saltará 17 metros em sénior, que possa ganhar uma medalha. Fico contente que ele [Pichardo] traga uma medalha. Mas isto espelha o quê? Interesse de quem? Quem é que lucrou com isso? Foi Portugal! Claro, é bom, no curto prazo. Foi um investimento feito no curto prazo. Foi comprado um atleta para poder ter resultados a curto prazo. É uma referência. É como é! Dei aqui uma referência exacta. Não pode acontecer isto [n.d.r. obtenção da nacionalidade em timings diferentes]. Não tenho nada contra ele e nunca tive nada contra ele. Estive 11 anos em Portugal, não competi por Cabo Verde e Costa do Marfim, e até me sinto envergonhado quando dou de caras com as federações das minhas origens. Até baixo a cabeça. São as minhas raízes mas não quis porque vim para cá com seis anos. Não sei nada sobre Cabo Verde e a Costa do Marfim. Tinha duas pessoas em casa que me deram educação conforme os costumes cabo-verdianos. À parte disso, todos os meus amigos são portugueses”, defendeu Nelson Évora. 

Quando me foi dado a escolher em juvenil, eu recusei [outros países]. Disse que não me ia sentir bem vestir a camisola de um país no qual não me sentia”, defendeu Nelson Évora, campeão olímpico na China, em 2008.